União do grupo é vista pelo treinador como um dos pilares fundamentais para o sucesso desportivo. Embora estando no topo da pirâmide, tem ligação de grande proximidade com os atletas do FC Porto
BAD TATZMANNSDORF — Como sucede em qualquer empresa, existem vários tipos de liderança e as equipas de futebol não fogem à regra. Fruto da bagagem que adquiriu ao longo de 13 anos na pele de adjunto, Vítor Bruno decidiu emancipar-se e abraçar aquele que é, seguramente, o maior desafio da sua carreira ao serviço do FC Porto. E começa logo com a fasquia bastante alta, mercê do passado que teve ao lado de Sérgio Conceição, período durante o qual conquistaram 11 troféus nacionais.
Está devidamente habilitado pela competência que todos lhe reconhecem e, mais do que tudo, pela confiança enorme que o presidente André Villas-Boas e a direção desportiva composta por Andoni Zubizarreta e Jorge Costa depositam nele.
Há que se processar, naturalmente, o habitual desmame de práticas e regras que estavam enraizadas na liderança do anterior treinador e optar por introduzir mudanças validadas por Vítor Bruno, assentes numa liderança democrática, privilegiando sempre em primeiro lugar o conforto diário dos jogadores, mantendo, ainda assim, a exigência quando se trata de trabalho, tanto no treino como nos jogos.
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A união do grupo de trabalho será a base do sucesso desportivo que Vítor Bruno pretende alcançar, sabendo de antemão que existe um legado enorme, mas sente que chegou o momento de seguir um caminho diferente, com ideias próprias, um futebol assente em dinâmicas distintas, mas sempre com o mesmo objetivo: vencer e aliar a isso exibições convincentes.
A maioria dos elementos que compõem o atual plantel já conhecia a forma de trabalhar do novo timoneiro, mas agora reencontra-o na pele de ator principal. A BOLA sabe que a metodologia de trabalho preconizada tem sido muito bem acolhida pelos jogadores, assim como os princípios de liderança que estabeleceu, com muita proximidade com os jogadores, com quem está a criar laços fortes de ligação.
Isto não significa que exista liberdade total, mas consegue ver-se uma nova aura nestes tempos de mudança, com os profissionais a trabalharem duro nos treinos, mas sempre de rosto aberto e alegre. Vítor Bruno faz questão que os atletas entendam que ele estará sempre no topo da pirâmide da equipa, mas deixa-os viver sem grandes amarras e com autonomia no mesmo 'habitat', sabendo, porém, que quem quebrar as regras elementares do coletivo sofrerá as consequências naturais. É, na realidade, uma liderança que deixa o plantel confortável, pelo menos a avaliar pelo comportamento evidenciado nesta fase embrionária da pré-temporada. Sente-se o pulsar do novo dragão e da energia contagiante que existe para uma época que se prevê muito difícil.
Equipa de Vítor Bruno continua invencível na pré-temporada. Bateu com grande superioridade e um futebol cativante os cataris do Al Arabi no primeiro teste realizado no estágio da Áustria
Sala de lazer para descomprimir
Nova era também no que diz respeito à possibilidade de os jogadores poderem realizar algumas atividades lúdicas no muito tempo morto que têm durante o estágio, na Áustria. Com a devida autorização de Vítor Bruno, está montada uma sala com uma mesa de bilhar, outra de ténis de mesa, matraquilhos e ainda uma consola Playstation com monitor. Várias formas de os jogadores se entreterem e também ajudar no fortalecimento da união de grupo. Os futebolistas, sabe A BOLA, acolheram de bom grado esta novidade que lhes permite sair um pouco da rotina dos quartos e de puro descanso na cama. Entende Vítor Bruno que esta benesse só traz benefícios e deixa os jogadores ainda mais motivados para as tarefas diárias do estágio.