Condição de Akturkoglu, palavras de Otamendi e a boa fase do Benfica: tudo o que disse Bruno Lage

Treinador dos encarnados elogia a equipa madeirense, mas frisa que quer terminar ciclo de seis jogos com nova vitória

Depois da vitória épica contra o Atlético Madrid por 4-0 para a Liga dos Campeões, o Benfica enfrenta, este domingo, o Nacional para a 8.ª jornada da Liga e, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, Bruno Lage garantiu que não existe excesso de confiança no balneário. O treinador de 48 anos revelou ainda como está Akturkoglu, que saiu com queixas físicas no jogo frente aos colchoneros, recordou o que se lembra da goleada por 10-0 contra o adversário em 2018/2019 e abordou as recentes declarações de Otamendi sobre o futebol argentino.

— Na sequência da última vitória do Benfica, sente que a equipa está na melhor fase? Peço-lhe também a sua avaliação ao Nacional.

— O que quero é que a equipa esteja com o seu melhor foco de sempre, é o que temos de levar para o próximo jogo, isso é que é importante. Focar no Nacional, que é uma equipa muito interessante. Tivemos oportunidade de começar a observar o adversário, é um adversário muito interessante, cujo potencial e o que tem feito no campeonato não se reflete na classificação. Temos de estar preparados, vamos encontrar uma equipa que, especialmente em termos ofensivos, pode criar vários cenários: por vezes com saída a três com o lateral-direito mais baixo, com saída a três com o médio entre centrais, procura muito bem o corredor contrário, não só na largura máxima dos laterais, mas também no espaço interior, ou seja, nas costas dos nossos médios. E depois com um ataque muito forte à nossa linha defensiva. Conhecendo o adversário e a postura do treinador ao longo dos anos, subiu a pulso, com trabalho que sustenta a sua entrada na primeira liga… temos de estar focados nisto tudo que acabei de dizer e preparados para fechar este mês de trabalho de seis jogos. Fechar com uma vitória.

— Em relação às recentes declarações de Otamendi, disse há uns meses que a prioridade era a seleção argentina e que chegou adormecido ao treino porque ficou a ver jogos do River, fala-se também de uma possível ida para lá. O foco do jogador está noutro lado? Depois do jogo frente ao Atlético, Álvaro Carreras entrou na lista de indiscutíveis?

— Sobre o Nico, o que me interessa é que está focado dentro do campo. O que interessa é que lhe pedi que ajudasse a alinhar os colegas, para estarmos todos concentrados no que temos de fazer. Indiscutível tem sido a equipa, porque ainda no último jogo lancei o desafio aos jogadores para que a melhor versão de cada um viesse ao de cima de forma a ajudarem a equipa e vimos isso, quer o 11 titular, quer os que entraram, é o que têm feito nestes cinco jogos. O desafio para amanhã é no mesmo sentido. A melhor versão da equipa tem de surgir amanhã para fecharmos este ciclo de seis jogos com uma vitória. Faz hoje um mês em que fui apresentado, olhar para este ciclo, quatro jogos para o campeonato e dois para a Liga dos Campeões, o que tínhamos de fazer de imediato era vencer. Só faz sentido terminar com uma vitória amanhã e depois perceber o crescimento que vimos tendo neste último mês.

— Desde que chegou ao Benfica a qualidade de jogo aumentou bastante. Pensa que os rivais estão agora mais atentos a este Benfica? Há três anos, Benfica venceu Barcelona em casa por 3-0 e, logo a seguir, perdeu em casa com o Portimonense por 1-0. Há risco de haver excesso de confiança para este domingo?

— Da nossa parte não. Falámos precisamente sobre isso com os jogadores, mas foi apenas conversa para perceber o que é futebol, passamos de 8 a 80 e de 80 a 8 muito rápido. Com o passar dos tempos são outros jogadores, dos últimos três anos só um jogador é que passou por isso. O mais importante é o nosso foco e a consistência. Repito, quero a melhor versão da equipa para amanhã. Consistência e ganhar vem das personalidade e caráter de cada um e pela forma como vejo estes jogadores a trabalhar e por aquilo que fizeram. Perceber o que fizemos de bom e partir para o seguinte. Foi nesta base que fizemos este caminho de cinco jogos. Rivais? O nosso foco é o momento. Foi um mês em que quase não tivemos tempo para outra coisa, foi olhar para a equipa e tirar o melhor partido de cada um e olhar para os cinco ou seis jogos. Estamos contentes pelo que temos vindo a fazer, pela forma como sentimos que a equipa está a crescer.

— Depois de uma goelada por 4-0 ao Atlético Madrid, o grande desafio é fazer com que a equipa não entre com excesso de confiança?

— A equipa venceu cinco jogos e no jogo seguinte nunca entrou com excesso de confiança. A mensagem passa por termos, quer na carreira, quer na vida, um determinado equilíbrio e mentalidade vencedora. É termos consistência. A cada momento é preciso dar uma resposta. A preparação para este jogo foi nesse sentido, para uma vez mais apresentarmos a nossa melhor versão e não vamos fugir disso por não termos tido tempo. É fechar o encontro como temos vindo a fazer e pensar o jogo da mesma forma.

— Akturkoglu saiu com algumas queixas, vai a jogo? Disse agora que não tem tido tempo para muito, vai fazer algum tipo de gestão?

— É irmos na máxima força em função da disponibilidade dos jogadores. Temos o dia de hoje e amanhã para decidir, mas, neste momento, é preparar o jogo com o que sinto que é o melhor para cada jogo. Fizemos duas alterações no último, Tomás a central e Bah a lateral-direito, porque era o melhor para o jogo. É o que vamos fazer amanhã. Akturkoglu? Se me perguntar a mim, aqui sentado, se me dói alguma coisa, eu digo-lhe que não me dói nada, mas se me levantar e começar a correr, já vai doer. É isso que temos de perceber. Ele tem feito um trabalho fantástico. A função que teve no jogo obrigou-o a fazer corridas de grande intensidade e maior distâncias, ele cumpriu e naquele momento entrou outro jogador para dar continuidade ao trabalho. Hoje treinou e sentiu-se bem, mas amanhã é que vamos decidir o melhor 11 em função do que queremos do jogo.

Akturkoglu tem sido apontado como alvo do Manchester United. Preocupa-o? E em relação ao jogo, provoca-lhe algum misto de sensações, visto que frente ao Nacional conseguiu uma vitória histórica, mas uma viagem à madeira também ditou a sua saída do Benfica?

— Quase que lhe perguntava a si se alguém do United já convidou o Akturkoglu para ir para o United… hoje em dia, à velocidade com que as coisas acontecem, os bons são os que ganharam ontem e os melhores jogadores são os que marcaram o último golo. Penso que o principal objetivo que ele tem neste momento é fazer uma carreira bonita ao serviço do Benfica e ser um indivíduo consistente, como tem demonstrado. Sobre o outro assunto… não olho muito para trás, mas tenho três boas recordações. A terceira foi porque nesse dia defrontei um grande treinador, um bom exemplo de alguém que, enquanto jogador, começou num clube pequeno e depois conquistou o mundo. A segunda, que é um motivo de orgulho, foi a estreia de Florentino. E a primeira, a homenagem que o Benfica fez ao nosso príncipe, porque se temos o Rei Eusébio, temos o príncipe Fernando Chalana e isso é que fica na memória. O resto está guardado, temos é de procurar o futuro e o futuro é já amanhã contra o Nacional.