Comentadores resumem a A BOLA o estatuto que o português já ganhou. Comparam-no a JJ e Abel. E admitem que o ‘fogão’ possa ganhar Brasileirão e até Libertadores
Desde que Artur Jorge se estreou pelo Botafogo, a 14 de abril, numa derrota amarga na casa do Cruzeiro, nenhum treinador do Brasileirão tem melhor rendimento, somando todas as provas, do que o ex-SC Braga. AJ, como o treinador de 52 anos é às vezes chamado na imprensa local, chegou, viu e venceu. Mas pode tornar-se tão icónico no Brasil como os compatriotas Jorge Jesus e Abel Ferreira? «Pode!», respondem a A BOLA jornalistas brasileiros.
«Ele tem condições, sim, de ganhar um nome tão grande como o do Jesus e o do Abel aqui no Brasil, porque, com uma equipa autoral, deu lições de futebol às duas equipas mais fortes do futebol brasileiro, Palmeiras e Flamengo, e aos dois mais credenciados treinadores do futebol brasileiro, Abel e Tite», resume Martin Fernandez, colunista do jornal O Globo e comentador do canal SporTV.
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«Artur Jorge parece estar no Botafogo há muito tempo, não se desesperou nos resultados negativos, com derrotas duras e atuações fracas, mas também não exagerou quando os resultados foram muito bons, como agora na vitória sobre o Palmeiras, na Libertadores», prossegue Fernandez. «Ele transmite a sensação para os jogadores e para os torcedores de que sabe o que está fazendo».
AJ tem 34 jogos no fogão, 20 vitórias, sete empates e sete derrotas, 55 golos marcados e 33 sofridos, o melhor desempenho comparado do Brasil, segundo a contabilidade do jornal Extra. Foi eliminado da Copa do Brasil pelo Bahia - próximo adversário do clube, este domingo, às 20 horas - mas lidera o Brasileirão, com mais um ponto e mais um jogo do que o Fortaleza, e está nos últimos oito da Libertadores pela segunda vez na história botafoguense.
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«Ele é muito candidato, sim, a ser campeão brasileiro, o clube de John Textor investiu, tem plantel para aguentar as duas frentes, o Brasileirão e a Libertadores, a torcida já vai superando o trauma de 2023 e os dois títulos parecem ao alcance», diz ainda Fernandez. «Agora, falar em favoritismo já é outra coisa», completa. Na época passada, o clube carioca chegou a ter 14 pontos de vantagem sobre o Palmeiras no Brasileirão mas foi ultrapassado na reta final.
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Paulo Vinícius Coelho, comentador do canal Paramount e colunista do portal UOL, recorda que Artur Jorge chegou desacreditado ao Brasil, depois de Luís Castro ter feito ótimo trabalho mas saído abruptamente e de Bruno Lage ter ficado aquém do esperado. «Quando ele assinou disseram que o Braga não ia nem ligar mas afinal o António Salvador lançou uma nota de repúdio, ou seja, ligou», lembra o jornalista.
«Com jogadores com força física gigantesca e potencial até para ganhar a Libertadores, o Botafogo de Artur Jorge pode ser a surpresa que o Fluminense foi no ano passado, o trabalho dele é muito bom», finaliza Coelho. Agora faltam «apenas» os títulos: JJ ganhou seis em pouco mais de um ano pelo Flamengo, Abel, maior treinador da história do Palmeiras, vai em 10 pelo clube.