9 dezembro 2024, 08:50
Artur Jorge entronizado no Botafogo
O 'portuga' não fez apenas história no Botafogo, fez história no futebol brasileiro, como Jorge Jesus, no Flamengo, também tinha conseguido antes dele
Treinador construiu máquina com peças novas. E, ao contrário do que é tradição no Botafogo, mostrou firmeza mental nas horas decisivas. Profissionalização do clube ajudou
Para conquistar o Brasil, via Brasileirão, e a América do Sul, via Taça dos Libertadores, o maior mérito de Artur Jorge, treinador do Botafogo e novo rei do Rio de Janeiro, foi ser rápido. Outros, no lugar dele, pediriam tempo para encaixar os mais de 20 reforços, além de tempo de adaptação para se encaixar, a si mesmos, num novo clube, numa nova cultura. O bracarense, porém, num estalar de dedos entendeu a missão que lhe foi confiada. E cumpriu-a com distinção.
Sim, John Textor, dono da SAD (ou SAF, como se diz no Brasil) foi mãos largas ao contratar craques como Almada ou Luiz Henrique num total de 40 milhões de euros investidos. Mas nem sempre – quase nunca? – um batalhão de contratações se acomoda suave e naturalmente num plantel, muito menos num onze. No onze base que termina a época, aliás, só dois jogadores, Bastos e Marlon Freitas, transitaram de 2023 – e parecia, graças a Artur que jogavam juntos há décadas.
Os outros, do guarda-redes John ao ponta de lança Igor Jesus, passando pelos laterais Vitinho e Alex Telles, o central Barboza, o trinco Gregore, os criativos Almada e Savarino ou a estrela Luiz Henrique, chegaram no início da época ou até a meio dela. E, no entanto, correram, todos para o mesmo lado, dentro e fora do campo. Chegamos então ao fora do campo: talvez a chegada de um autocarro de reforços, sob esse ponto de vista, tenha sido útil; todos eles, assim como o próprio técnico, não sofreram o trauma de 2023.
9 dezembro 2024, 08:50
O 'portuga' não fez apenas história no Botafogo, fez história no futebol brasileiro, como Jorge Jesus, no Flamengo, também tinha conseguido antes dele
«O grande mérito e o único pecado do Artur reside aí, na questão 2023», diz a A BOLA o jornalista Paulo Vinícius Coelho, dos canais Paramount. «O mérito foi pegar num clube habituado ao fracasso e levá-lo ao sucesso, ele cuidou da autoconfiança de uma equipa que em 2023 chegou a ter 14 pontos de avanço sobre o Palmeiras e perdeu, o pecado foi usar isso para atacar a imprensa, ele interrompeu uma pergunta ao Marlon sobre 2023 mas depois aplaudiu quando o mesmo Marlon disse ‘tinha de ser aqui’ após a vitória na casa do Palmeiras...»
«Entretanto, do ponto de vista técnico e tático ele foi brilhante, formou uma equipa que marcou em bloco médio, só sétimo em posse de bola mas sempre a atacar o espaço», completa. O Botafogo, aliás, ganhou seis pontos a Palmeiras, Flamengo e Inter e quatro ao Fortaleza, os clubes da frente, quando teve, em teoria, mais espaço. E fora de casa, quando esses espaços são mais fáceis de encontrar, dominou: 11 vitórias, cinco empates e três derrotas.
O profissionalismo do clube nos detalhes ajudou o português: além do Núcleo de Scout, dirigido por Alessandro Brito, desviado do Atlético Mineiro, ter contratado com régua e esquadro, o Núcleo de Performance exigiu viagens só em aviões grandes para os jogadores se deitarem em três assentos – por causa disso, para Doha, aonde chegou nas últimas horas, a equipa voou no avião dos New England Patriots, equipa de futebol americano, após pedido de Textor ao amigo Robert Kraft, dono dos Patriots.