Para quem não tinha margem de erro, o FC Porto foi irresponsável; penálti desatou o nó do jogo; um dragão sem fogo e sem chama
Sérgio Conceição teve duas frases tão significativas quanto reveladoras na apresentação do jogo de Barcelos. A primeira era bem realista e lembrava todos os adeptos portistas de que apesar da notável vitória sobre o Arsenal, a verdadeira Champions para a sua equipa era o campeonato. A segunda era um alerta interno e direto aos seus próprios jogadores, avisando de que a sete pontos de atraso dos rivais de Lisboa, o FC Porto já não tinha margem de manobra para esbanjar mais pontos. Não serviu de nada. O FC Porto deixou em Barcelos dois pontos que o colocam ainda mais longe do título e a verdade é que, neste momento, para todos os portistas, começa mesmo a ser um pesadelo o grande sonho de ser campeão esta época.
A ressaca do arsenal
A primeira parte do FC Porto foi desastrosa. Há muito tempo que não se via um FC Porto tão aparentemente desinteressado do jogo, amorfo, sonolento. Um dragão sem fogo e sem chama. Uma equipa que não tendo em campo Galeno, apenas esperava um lance individual de Pepê, de Evanilson ou de Francisco Conceição para resolver a pesada ressaca que trazia do jogo com o Arsenal.
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O Gil Vicente organizou-se defensivamente como seria de esperar e procurou sair com critério em situações de contra-ataque. Não incomodou muito e, sobretudo, não foi suficientemente perigoso para o FC Porto se manter num equilíbrio pausado, sem ponta de agressividade, dando natural vantagem a quem defendia.
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O penálti que desatou o jogo
Demorou uma eternidade o intervalo para o FC Porto. Largos minutos, depois do horário previsto, a equipa chegou, provavelmente com as orelhas a arder pelo que ouviu do seu treinador. E, de facto, parecia ter resultado. O FC Porto voltou a ter a sua habitual agressividade, sobretudo, nos momentos de conquista da bola ao adversário. Obrigou, por isso, o Gil Vicente a errar mais vezes e a cometer falhas de marcação.
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Os dragões precisaram apenas de dez minutos para chegar ao golo, na recarga de um penálti que Andrew defendera. E com esse penálti e esse golo se encontrou, por fim, o nó que iria desatar o jogo.
Sem nada a perder, o Gil Vicente foi-se estendendo mais no terreno, enquanto o FC Porto se sentiu mais confortável por ter mais espaços para explorar e por achar que tinha maior razão para controlar o jogo. Erro clamoroso. Ninguém pode ter um jogo controlado com a vantagem, apenas, de um golo!
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E o desastre aconteceu
Dirão os teóricos do futebol que o Gil Vicente não merecia empatar, que o FC Porto teve mais oportunidades para marcar, que a equipa de Vítor Campelos marcou na única grande oportunidade que teve e, por sorte, em cima do final dos descontos, o que não dava tempo de reação aos portistas.
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O futebol não se compadece de regras de compêndio. Por isso, o futebol é tão especial. Verdade que o Gil Vicente marcou num lance em que o FC Porto defendeu muito mal e quando já se estava a pensar lavar os cestos do fim do jogo. Mas o jogo não acaba quando uma equipa decide que já chega de se incomodar e que merece ir para casa descansar da intensidade do trabalho na semana. Além disso, a verdade é que o Gil Vicente foi subindo o tom da sua ambição. Meteu mais gente fresca para o ataque, subiu mais no terreno e passou a jogar mais perto da grande área do FC Porto. Daí a razão de ser do desastre portista. Inesperado, sim, mas nem por isso imerecido.