«Com ambiente favorável é mais fácil para os jogadores»: tudo o que disse Lage
Bruno Lage saiu vitorioso no regresso à Luz. Foto: Miguel Nunes

Benfica-Santa Clara, 4-1 «Com ambiente favorável é mais fácil para os jogadores»: tudo o que disse Lage

NACIONAL14.09.202423:51

Treinador de 48 anos sublinhou o papel dos adeptos para a reviravolta da equipa.

Bruno Lage considerou, na conferência de imprensa após a vitória do Benfica sobre o Santa Clara por 4-1, que os adeptos foram essenciais para a reviravolta da equipa. Mostrou-se feliz com a atitude dos jogadores e garante que não há tempo a perder para preparar o resto da época. No final, dedicou a vitória a Adolfo Calisto, figura do Benfica que faleceu recentemente.

— Que notas tira do jogo?

— A nota que tiro de hoje e para o futuro é que com o ambiente favorável é mais fácil os jogadores poderem jogar futebol. Começámos a vencer quando o Santa Clara marcou o golo e os adeptos estiveram do lado da equipa. Foi determinante para vencer e foi esse o sentimento, de ver os jogadores a tentar fazer o que treinámos durante dois dias. O mérito é deles porque foram eles que criaram as várias oportunidades, marcaram e repito: num ambiente favorável, as coisas acontecem com alguma naturalidade.

— Gostaria que nos contasse como geriu as emoções ao sofrer um golo aos 20 segundos e se foi a melhor exibição do Benfica esta temporada?

— Começando pela segunda, não há tempo a perder e não quero falar do passado, mas do que temos a fazer. Temos um longo trabalho pela frente para que a equipa continue a jogar de forma positiva e crie oportunidades de golo. É a minha ambição, desejo e foco, preparar a equipa da melhor maneira. Já tivemos o tipo de jogo que eu gosto que a equipa jogue e que os adeptos gostam. Nos momentos difíceis, é fundamental estarmos preparados para o que possa acontecer e nesses momentos é preciso focarmo-nos no plano de jogo. Temos uma estratégia, quando não corre bem individualmente, é ir ao que temos de melhor e a partir daí construir e crescer dentro do jogo. Quando vi o golo aos 28 segundos, o sentimento foi termos 90 minutos para pôr em prática o que falámos. Trazer jogadores para o jogo, com posicionamentos para serem mais agressivos com e sem bola.

— Esperava ser tao aplaudido neste regresso? O que tentou preparar?

— O mais importante foi tentar colocar os jogadores numa posição em que se sentissem confortáveis e perceberem as ligações que quero e que originam um jogo mais ofensivo. Mérito deles, mais em termos teóricos do que treinar, porque tivemos pouco tempo. Não quero individualizar, a equipa jogou bem. Deixa-me realizado, foi um dia bom. Ambiente fantástico, várias oportunidades de golo, marcámos de várias formas. Não há tempo a perder, esta tem de ser a nossa frase neste momento. Temos um trabalho enorme pela frente para que o pulmão que esteve dentro do campo possa estar ao nível do coração que puxou pela equipa.

— Viu-se muita energia positiva hoje. Este Bruno Lage era o melhor que podia ter acontecido neste momento ao Benfica?

— O melhor que podia ter acontecido foi o ambiente favorável que os adeptos proporcionaram aos jogadores. Vocês, eu… num ambiente positivo, todos produzimos mais. Neste momento, no meu primeiro jogo, tenho de dar essa palavra aos adeptos. Temos um longo percurso a percorrer, época vai ser longa e era importante sairmos daqui felizes, especialmente os adeptos, e percebendo que foram fundamentais num mau momento da equipa. Agora vem um jogo importante na Champions e o que quero é pé no chão, como dizem os brasileiros, e foco no que temos de trabalhar e fazer no próximo jogo.

— Quanto tempo precisa para meter o Benfica à medida de Lage? Em relação a Akturkoglu, teve algum dedo na vinda dele?

— Não. Mérito de quem o escolheu, mas eu gosto de jogadores assim, alas agressivos. Gosto do Rafa, do Cervi, do Pizzi, jogadores que joguem para a frente e ele tem essas características. Joga por dentro, por fora... falei com ele e sentiu-se confortável no papel que lhe pedi. Chegou moralizado, fez três golos pela seleção, hoje faz o golo do empate, estou feliz.

Tempo? Entendo a pergunta, mas não é uma questão de tempo, não posso dizer que preciso de X tempo. É o número de repetições e treinos que vou fazer com os jogadores e neste momento, pelo calendário, não vamos ter muitos momentos. Tem de ser com muito trabalho, recuperação, com vídeos e pela capacidade deles, porque temos um plantel bom que ainda pode crescer.

— Falou da importância de reconquistar os adeptos. Tem tudo o que precisa para reconquistar o campeonato? Estava insatisfeito no início do jogo, o que fez a diferença?

— Ainda não reconquistámos ninguém. Fizemos um jogo, são três pontos, dentro de dias temos novo jogo e repito, o que foi mais importante hoje foi os adeptos estarem com a equipa, que não vinha de um resultado positivo. Aos 30 segundos a equipa está a perder e os adeptos têm duas opções, criar ambiente favorável ou desfavorável e isso foi importante. Tentei passar energia à equipa porque senti que a circulação dos defesas estava a ser lenta e pouco agressiva e senti que quando a bola chegava aos médios os passes estavam a ser facilmente anulados e permitiam transições ao Santa Clara. Foi ajustar um pouco e tentar reforçar o que falámos. Não treinámos, mas falámos.

A dedicatória de Bruno Lage a Adolfo Calisto:

«Não tive oportunidade de me despedir de um grande amigo, não conheço a família, mas queria dedicar esta vitória ao mister Adolfo. Foi uma pessoa muito importante para quem trabalhou com ele na formação e queria que esta grande vitória fosse dedicada a ele.»