Chocolate belga adoça amarguras: a crónica do FC Porto-Antuérpia

Liga dos Campeões Chocolate belga adoça amarguras: a crónica do FC Porto-Antuérpia

INTERNACIONAL08.11.202300:13

Vitória justa com exibição sofrível. Há níveis de confiança por repor nos dragões. Ainda um grande susto antes de Pepe fazer história

Depois do balde de água fria sofrido na sexta-feira frente ao Estoril, o FC Porto encarou o jogo com o Antuérpia como uma possibilidade de redenção face aos seus adeptos, mas não se livrou de, apesar de estar em vantagem, ouvir alguns assobios na fase final do encontro, precisamente quando os belgas, reduzido a dez unidades a partir dos 50 minutos por expulsão de Ekkelenkamp, estiveram muito perto de igualar a partida por Muja, que isolado atirou ao lado, estavam decorridos 89 minutos. 

Teria sido justo o empate do Antuérpia no Dragão? Não, nem por sombras. O FC Porto, mesmo sem deslumbrar, mesmo com falta de confiança no momento da finalização, mesmo na ausência de imaginação e velocidade no centro do terreno, foi melhor do que os belgas, o chocolate deste grupo, onde seguem com zero pontos, e não só ficou a dever-se um resultado ainda mais dilatado, como não deveria ter esperado tanto pelo golo da tranquilidade da autoria de Pepe (40 anos), que tirou a Totti (tinha 38 quando marcou) o título de jogador mais velho a faturar na Liga dos Campeões.

Francisco Conceição no banco

A maior surpresa que Sérgio Conceição trouxe para esta partida frente a uns belgas que se arrumaram num 4x3x3 que foi mais vezes 4x5x1, foi ter deixado no banco o filho Francisco (quiçá a poupá-lo para Guimarães) principal destaque da primeira hora frente ao Estoril. Com Pepê a jogar a partir da esquerda, mas sem pisar todos os terrenos e mais alguns, como fez contra os canarinhos, ao FC Porto, para descansar mais cedo, faltou um Evanilson com a veia concretizadora que revelou na capital dos diamantes, e um Taremi que fosse Taremi e não aquela sombra que se arrasta em campo. Aliás, o iraniano não recebeu propriamente uma prova de confiança quando, depois de ter permitido a defesa a Marcelo Carné no jogo com o Estoril, a partir da marca de onze metros, ficou fora das opções para bater o castigo máximo com que o FC Porto começou por colorir o placard.

FC Porto resultadista

Frente a uma equipa que já desistiu da Champions e optou por dar minutos a novos jogadores, bem pode Sérgio Conceição queixar-se da finalização (e, de facto, está a faltar instinto matador ao FC Porto), mas isso não maquilha o facto da equipa estar lenta de processos, com uma dupla de meio-campo com pouca dinâmica, e alguma confusão entre laterais e alas, muitas vezes a pisar os mesmos terrenos, ao mesmo tempo. Mesmo assim, sem assumir o jogo como devia uma equipa que defrontou dez adversários durante 46 minutos, os dragões podiam ter descansado mais cedo, por Evanilson (73), André Franco (76) e Pepê (89). Sem mudar nada taticamente, apesar de ter mais uma unidade em campo, Conceição deu minutos a Namaso, Sanchez e Franco, mas a ideia que passou para as bancadas, quando ainda estava 1-0 e o Antuérpia ameaçou o empate, por Muja (89), foi a de um resultadismo que não agradou ao tribunal azul-e-branco. Porém, depois do Barcelona ter perdido em Hamburgo com o Shakhtar Donetsk, mais importante, para o FC Porto, do que a exibição, era o resultado, porque passaram a ser três e não dois, os concorrentes à passagem à fase a eliminar. E isso, ganhar, os dragões conseguiram, sem brilho mas com mérito.

Taremi, sim ou não?

O treinador do FC Porto tem a mantido a titularidade de Taremi, que voltou a passar ao lado jogo. Até quando? O que é certo é que a equipa ressente-se da ausência do iraniano, não só na finalização, mas também, como sucedeu, na escassa produção quando baixou para receber e distribuir a bola. E esse é um dos trunfos dos dragões, como são os desequilíbrios de João Mário ou Pepê, e a crescente capacidade de Eustáquio aparecer em zonas de finalização. O FC Porto foi apenas q.b., numa noite em que não havia necessidade de apanhar aquele susto ao minuto 89...