Antevisão Chaves-Gil Vicente: flavienses cansados de carregar a lanterna vermelha

Transmontanos e gilistas venceram os últimos jogos; são equipas que têm marcado muitos golos, principalmente nas segundas partes

À entrada para esta ronda da Liga, a 8.ª, o Chaves dá mostras de estar cansado de carregar a lanterna vermelha, fruto de apenas quatro pontos conquistados (uma vitória, um empate e cinco derrotas). Balançados pelas duas últimas jornadas, sob o comando técnico de Moreno (um empate e uma vitória), procuram dar continuidade ao momento e levar de vencido um Gil Vicente que, confortavelmente, ocupa o 9.º lugar, com nove pontos (três vitórias e quatro derrotas). 

E olhando para o que é o calendário desta ronda, os transmontanos estão de olho na dificuldade do Estoril, equipa que ocupa o lugar acima na tabela classificativa, com os mesmos quatro pontos, que recebe o campeão em título, Benfica – seis vitórias e uma derrota, na jornada inaugural, no Bessa, frente ao Boavista (2-3), favorito a conquistar os três pontos. Mas, atenção, que o Gil Vicente é um osso duro de roer e, com certeza, vai a Chaves com o claro objetivo de transpor o teórico favoritismo – avaliando a posição na tabela classificativa – para a prática, e apoderar-se dos três pontos em disputa.  

No que ao histórico de encontros diz respeito, na Liga, contabilizam-se 14 jogos entre flavienses e gilistas, com seis vitórias para a formação de Barcelos e quatro para os de Chaves, sendo que em quatro vezes houve empate, resultado registado no último encontro, a 10 de abril deste ano, referente à 27.ª ronda da época 2022/2023. 

Refira-se que o jogo terá lugar no Estádio Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira, em Chaves, com lotação de 8.400 lugares, sendo que o apito inicial será dado, às 15.30 horas, pelo árbitro João Gonçalves (AF Porto), assistido por João Bessa Silva e Ângelo Carneiro. O 4.º árbitro é André Neto e no VAR estará Hélder Carvalho e Pedro Martins é o AVAR. 

Chaves

Após a recuperação épica na receção ao E. Amadora, na estreia de Moreno no comando técnico dos flavienses, em que recuperaram de uma desvantagem de dois golos para somar um ponto (2-2), a primeira vitória da época surgiu na última ronda, na visita ao Arouca (0-2). Não se pode dizer que ainda não haja o cunho de Moreno na equipa, uma vez que, ao contrário do que havia sucedido, o Chaves já pontuou nos dois jogos realizados sob o comando da nova equipa técnica. E mais, há quatro jogos consecutivos que marcam, por isso, é expectável que as redes do Gil possam vir a balançar, principalmente na segunda parte, altura em que, segundo as estatísticas, o Chaves costuma marcar. Em contrapartida, os transmontanos têm a defesa mais batida, sendo que sofreram golos nas sete jornadas já realizadas, 19 no total. 

Sistema: 3x4x3

Onze provável: Hugo Souza; Bruno Rodrigues, Steven Vitória e Ygor Nogueira; João Correia, Guima, Nwakali e Bruno Langa; Hector Hernández, Jô Batista e Leandro Sanca.

Lesionados: Habib Sylla, Rúben Lameiras e Cafú Phete.
Em dúvida: Jô Batista.

Figura: João Correia
Pelo desempenho da última jornada, o nome do cabo-verdiano, de 27 anos, merece estar aqui nestas linhas. O lateral-direito, que sobe face à linha de três na defesa, tem sido um ás de trunfo. A boa condição física tem-lhe permitido verdadeiras correrias no corredor que ocupa, criando desequilíbrios e sendo preponderante na transição da defesa para o ataque e já marcou dois golos. Nas últimas três rondas jogou os 90 minutos, antes tinha sido suplente utilizados por duas ocasiões. 

Moreno Teixeira (treinador do Chaves): «Estamos conscientes, responsáveis e nada iludidos com a vitória da semana passada. Acho que este é o primeiro passo. Estamos hoje um pouco melhor do que aquilo que estávamos na semana passada, porque encurtámos um pouco o fosso pontual relativamente a outras equipas, mas não deixámos de estar em último. E é com esta pressão, porque, a este nível, terá de haver alguma pressão, que nós preparámos o jogo e que amanhã vamos encarar o Gil Vicente. Será um jogo difícil, diante de um adversário que tem uma equipa técnica extremamente competente, que deixou uma marca muito positiva aqui no Chaves, e que tem um grupo de trabalho interessante. Mas nós, identificados com isso, queremos continuar a pontuar e, se possível, subir alguns lugares na classificação.»

Gil Vicente

Nas sete primeiras jornadas o Gil Vicente já defrontou dois dos favoritos ao título, nomeadamente Benfica e FC Porto, tendo perdido ambos os jogos, por 2-3 e 1-2, respetivamente, mas dando boa réplica. Nos restantes jogos perdeu com Vizela (0-1) e V. Guimarães (1-2), tendo ganho ao Casa Pia (2-0) e goleado Portimonense (5-0) e Estoril (5-3), resultados que colocam os gilistas no top europeu. O Gil Vicente é a segunda equipa nas primeiras sete ligas do ranking da UEFA com mais golos em casa (14), apenas batida pelo Feyenoord, com 15 golos. Aliás, diga-se que mora em Barcelos o terceiro melhor ataque da época, superado por Boavista e SC Braga (18 golos) e Benfica (17). É, assim, esperado que a baliza dos flavienses seja visada, com o avançado Depú a ser o melhor marcador da equipa, com três golos. 

Em Barcelos reina o bom ambiente e a convivência salutar com a população, tal como se comprovou no derradeiro treino antes da deslocação a Chaves, em que na bancada estiveram presentes membros da Associação Social Cultural e Recreativa da Alheira, na sequência das celebrações do Dia Mundial do Idoso.  

Sistema: 4x2x3x1

Onze provável: Andrew Silva; Zé Carlos, Gabriel Pereira, Rúben Fernandes e Leonardo Buta; Maxime Dominguez e Pedro Tiba; Murilo Souza, Martim Neto e Félix Correira; Depú. 

Lesionado: Alipour.

A figura: Depú
O avançado angolano, de 23 anos, anda de pé quente, marca há três jogos consecutivos. Oportunista na hora de rematar às redes, tem sido peça fulcral no ataque. O nome de Félix Correia também pode aqui aparecer. O extremo fez duas assistências em cinco jogos e já igualou o registo verificado em todos os jogos da época passada, no Marítimo. Dois nomes que prometem dar que falar. 

Vítor Campelos (treinador do Gil Vicente): «O Chaves teve algumas mudanças, nós também tivemos e, no início do campeonato, jogámos com equipas que já tinham o processo consolidado. No início de época isso traz vantagens. Se tivéssemos jogado mais cedo com o Chaves podíamos ter mais vantagem porque, a cada semana que passa, os jogadores estão mais entrosados, mas é o momento que é. Temos de pôr em prática o que trabalhamos e queremos fazer um bom jogo e, se possível, ficar com os três pontos. Com o Casa Pia fizemos 30/35 minutos de grande nível, mas cada jogo tem a sua história. Apesar do Chaves jogar no mesmo sistema, pode ter nuances diferentes e estamos atentos a isso.»