Lisboetas e minhotos estão colados na tabela classificativa, ambos com 19 pontos; gansos com 'aversão' aos jogos em casa, famalicenses pouco melhores na condição de forasteiros; quem terminará a primeira volta na metade superior?
«Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa». Esta é a parte de uma das estrofes da música 'Primeiro Beijo', da autoria de Rui Veloso. Ora, com a devida vénia ao consagrado cantor português, ousamos lançar o duelo entre Casa Pia e Famalicão 'ao som' da (bonita) canção, fazendo apenas a devida alteração: muito mais é que os une que aquilo que os separa.
Porque, na verdade, há vários dados que 'juntam' lisboetas e famalicenses. Desde logo, porque ambos estão 'de braço dado' na tabela classificativa, com 19 pontos. O Casa Pia tem, por esta altura, a ligeira vantagem de ter melhor relação entre golos marcados e sofridos, razão pela qual entra para esta ronda no 8.º lugar. O Famalicão segue logo atrás, em 9.º.
Depois, e não menos importante, os resultados dos (parcos) confrontos entre os dois emblemas no principal escalão do futebol português: dois jogos... uma vitória para cada lado. Ambos na época passada.
Primeiro, no Estádio Nacional, no Jamor - palco utilizado pelos lisboetas nas partidas caseiras da temporada transata -, com a vitória sorrir ao Casa Pia (1-0). Um golo de Léo Bolgado (atualmente ao serviço do Leixões) deu a vitória aos casapianos, então orientados por Filipe Martins. Estávamos a 8 de setembro de 2022.
Depois, no Estádio Municipal de Famalicão. A 13 de março de 2023, a formação minhota - já orientada por João Pedro Sousa, que havia regressado ao clube para substituir no cargo Rui Pedro Silva - venceu por... 1-0, com o golo do triunfo a ser da autoria de Iván Jaime (que representa, agora, o FC Porto).
As semelhanças já eram, em 2022/2023, de tal ordem que Famalicão e Casa Pia terminaram essa edição da Liga muito perto um do outro: os minhotos em 8.º lugar, com 44 pontos, os lisboetas em 10.º, com 41 pontos.
As comparações entre os momentos dos dois conjuntos estendem-se ao desempenho de ambos quando jogam em casa e fora. Sendo que, neste caso, importa salientar o que tem feito o Casa Pia na condição de visitado e o Famalicão na condição de visitante. Porque, afinal, é esse o 'rótulo' para hoje: gansos a atuarem no seu reduto (mesmo que em Rio Maior, casa emprestada enquanto decorrem as obras em Pina Manique), famalicenses a jogarem longe do seu recinto.
E o Casa Pia em casa, esta época, não tem tido muitos motivos para sorrir. Tudo porque, dos 19 pontos já conquistados pelos casapianos, apenas 5 foram nessa condição: uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Esse mesmo triunfo, acrescente-se, até foi conseguido recentemente: no passado dia 2 de dezembro, diante do Portimonense (1-0). Samuel Justo, jovem médio que está emprestado pelo Sporting, foi o autor do golo.
Mas os comandados de Pedro Moreira até chegam a esta 17.ª e última jornada da primeira volta bastante moralizados. Afinal, na ronda anterior, no terreno do Moreirense, o Casa Pia conseguiu a sua vitória mais expressiva na presente edição do Campeonato: 4-1. Yuki Soma, Felippe Cardoso (2) e João Nunes foram os marcadores de serviço.
Outro dado curioso prende-se com o facto de os gansos virem numa série de cinco jogos seguidos a marcar. É um facto que, durante esse período, só não sofreram por uma ocasião, mas a verdade é que o caudal ofensivo tem ganho bastante dimensão desde que Pedro Moreira passou a comandar a equipa: Portimonense (1-0), FC Porto (1-3), Chaves (3-1), SC Braga (1-3) e Moreirense (4-1).
Pedro Moreira assume que a confiança dos gansos se encontra em níveis elevados após o triunfo sobre o Moreirense, na jornada anterior; elogiou ainda a postura da equipa nas últimas semanas
Figura: Clayton
Tem vindo a subir de rendimento e nos últimos cinco jogos apontou três golos. Com este registo recente, aumentou para 10 os tentos apontados na presente temporada - em todas as competições, sendo que, se olharmos para o número de jogos que já efetuou esta época (22), estamos a falar de quase um golo a cada dois jogos. Nada mau, convenhamos. Além desta veia goleadora, o avançado brasileiro tem sido também importante noutros momentos ofensivos, interpretando na perfeição o novo modelo tático implementado por Pedro Moreira (4x4x2). Tem feito dupla na frente com o compatriota Felippe Cardoso e os dois têm sido autênticas dores de cabeça para as defensivas contrárias.
E se falamos da menor eficácia do Casa Pia nos jogos caseiros, devemos também salientar a insuficiente prestação do Famalicão fora do seu lar. Porque nos encontros realizados longe de Vila Nova, os minhotos somam apenas 7 pontos: uma vitória, quatro empates e três derrotas.
Sendo que o único triunfo conseguido na condição de visitante aconteceu... na 1.ª jornada. A 11 de agosto de 2023, em pleno Estádio Municipal de Braga, o Famalicão entrou com o pé direito nesta Liga ao bater o SC Braga (2-1). Afonso Rodrigues e Óscar Aranda foram os obreiros do saboroso triunfo.
O problema veio depois. Porque excetuando a vitória (gorda) no reduto do Camacha (5-0), para a Taça de Portugal, não mais os comandados de João Pedro Sousa voltaram a sorrir fora de portas.
A este facto acresce um outro que os famalicenses quererão inverter o quanto antes: a pior série de resultados em 2023/2024. Porque essa vitória na Camacha foi, precisamente, a última até agora. E já data de 18 de novembro. Ou seja, quase há dois meses.
Francisco Moura, Pablo (2), Gustavo Sá e Dobre apontaram os golos do triunfo minhoto; madeirenses bateram-se com muita dignidade e não mereciam tão pesada derrota; Famalicão vai à Luz no próximo sábado
Daí para cá, seis jogos, três derrotas e três empates. Depois do desaire com o Benfica (0-2), para a Taça de Portugal, os minhotos perderam, para a Liga, com FC Porto e Benfica (ambos por 0-3) e empataram diante de Portimonense e Estoril (ambos 1-1) e Chaves (2-2).
É, pois, imperial que o conjunto famalicense regresse aos bons resultados. E qualidade para isso não falta no plantel. Porque são vários os jogadores capazes de fazerem a diferença. Não é por acaso que vários elementos do grupo de trabalho às ordens de João Pedro Sousa têm estado nas bocas do... mercado.
Treinador do Famalicão lançou jogo contra o Casa Pia, falou dos objetivos alcançados e falhados e sobre o que espera do mercado de inverno
Figura: Francisco Moura
Não é muito habitual um lateral pontificar nestes espaços que visam as distinções individuais, mas a verdade é que o número 74 do emblema minhoto tem feito (muito) por merecer este registo. Além das competências defensivas que ostenta, tem também uma forte apetência ofensiva e, como tal, é um dos principais dínamos do ataque minhoto pelo flanco esquerdo. Rápido e inteligente com e sem bola, Francisco Moura define bem os momentos em que deve incorporar-se na manobra atacante, mas depois também tem a destreza necessária para recuperar posição e não deixar que a equipa seja apanhada em contrapé nas transições dos adversários. A isto tudo soma ainda o facto de ser o jogador mais utilizado do plantel até ao momento, com 1695 minutos contabilizados em 19 jogos - em todas as competições.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que a haver um vencedor na partida desta tarde, que será realizada no Estádio Municipal de Rio Maior, passará a existir um pouco mais a separá-los do que uni-los. Quanto mais não seja em termos pontuais. Porque quem ganhar passará a somar 22 pontos e deixará o derrotado com os mesmos 19. E a haver um vencedor, então quem ganhar terá a certeza de que terminará a primeira volta da Liga na metade superior da tabela classificativa. Dará Casa Pia ou Famalicão? Ou ficará tudo na mesma?...