Carvalhal: «Não há rebuçados para ninguém»

Treinador do SC Braga fez a antevisão à partida com o 1.º Dezembro, da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal; técnico afirma que vai colocar a melhor equipa do momento em campo, recordando épocas passadas; Moutinho e Zalazar podem voltar a ter minutos

Carlos Carvalhal, treinador do SC Braga, recorreu à memória para lembrar que em campanhas de sucesso na Taça de Portugal, quer ao serviço do Leixões, quer ao comando dos guerreiros, o primeiro jogo foi sempre dos mais complicados. O técnico dos bracarenses ainda revelou que vai colocar a melhor em equipa disponível em campo, podendo promover o regresso de João Moutinho e Rodrigo Zalazar ao onze. Também abordou a situação de André Horta que ficou de fora das opções no último encontro com o FC Porto.

É de alguma forma um jogo especial para si neste regresso a uma competição que conquistou pelo SC Braga? Que adversário espera para a partida deste sábado?

- Primeiro de tudo quero aproveitar para agradecer as palavras do Carlos Garcia, pois é um amigo, tal como do míster Manuel Cajuda. Uma honra receber esses elogios. É sempre especial estar no SC Braga e poder disputar a Taça de Portugal. Contribuímos para a conquista de uma das três taças que estão no museu. Vamos iniciar esta caminhada e em edições anteriores, a primeira eliminatória foi sempre a mais complicada. Não são só facilidades, recordar isso pois vamos ter um adversário pela frente que quer surpreender e temos muito respeito pelo 1.º  Dezembro.

Duas semanas de trabalho, apenas com alguns jogadores fora nas seleções mais jovens. Acha que a equipa se vai apresentar a um outro nível?

- Esperamos sempre melhorias, deu para treinar alguns aspetos com os jogadores disponíveis. Deu para trabalhar as dinâmicas da equipa, mas mais importante é ganhar o jogo e passar à eliminatória seguinte. Moutinho está convocado e Zalazar também. O Paulo Oliveira treinou, mas ainda tenho de falar com o departamento médico para saber se posso contar com ele.

Foi de alguma forma mais difícil preparar este jogo, em comparação com os da Liga Europa, por exemplo?

- Sabemos tudo sobre o 1.º Dezembro. Tem um treinador de ideias ofensivas que gosta de disputar o jogo. Temos uma identificação completa das suas bolas paradas e até dos penáltis, tal como se com a Roma, por exemplo, para as competições europeias. Temos de estar ao nosso melhor nível, pois não há jogos fáceis e temos de respeitar o 1.º Dezembro.

Pode elaborar de que forma esses primeiros jogos foram os mais difíceis? A que se deve?

- No Leixões houve uma interpretação errada da hora de jogo e chegamos em cima da hora do jogo e dois jogadores até vomitaram em campo. No SC Braga tivemos uma atitude boa e o Trofense foi competitivo e disputou o resultado até ao fim. Muitas vezes é por falta de atitude competitiva. Foi sobre isso que insistimos durante toda a semana. Vamos com o melhor onze do momento, tendo em conta um ou outro constrangimento. Vamos com os melhores jogadores.

As duas derrotas anteriores estão a pairar sobre a equipa?

- Peso grande no primeiro jogo e reação positiva no Dragão que levou a equipa a trabalhar muito bem durante estas duas semanas. Deu para reforçar o jogo com o Olympiacos, pois serviu para alertar para es tejogo que não se pode subestimar nunca o adversário e é necessário respeito. Em Inglaterra, acontecia várias vezes. Vamos a jogo com toda a ambição.

Esse jogo com o Olympiacos deixou-o desiludido? Com estas semanas de trabalho e alguns regressos, a equipa já vai estar em ponto rebuçado?

- Estamos numa mudança de ciclo e vocês já sabem isso. Obviamente são dores de crescimento. Numa análise mais fria: jogo muito bom com o Rio Ave, jogo fraco com o Olympiacos e muito com o FC Porto, a partir da meia-hora de jogo. Se olhar para as exibições, vejo um jogo muito bom, vejo outro com atitude competitiva que não foi a correta e vejo uma reação muito boa, frente a uma grande equipa. É necessário trabalhar, também a nível individual, pois há jogadores que têm de crescer. Só com os jogos é que posso aferir o ponto em que a equipa está. Ao fim dos próximos dois ou três jogos respondo melhor. Tem-se notado evolução com um ou outro hiato. Um no campeonato e na Liga Europa que foi, realmente, muito mau, temos de o assumir. Amanhã vão estar um ou dois jovens presentes. Prosseguir o nosso trabalho que é difícil. Fácil é apanhar o SC Braga em fim de linha e outra coisa é treinar uma equipa que começa um novo ciclo. A responsabilidade de ganhar mantém-se e é preciso lidar com a expectativa que é sempre a mesma. Sobra a dificuldade para o treinador, mas estamos a melhorar e com a qualidade que a equipa tem, isso vai acontecer. Para esta competição a expectativa é chegar o mais longe possível.

Quantos aos jogadores que regressam de lesão. Encara este jogo como uma oportunidade para ganharem ritmo ou para continuarem a melhorar, não correndo riscos de recaídas?

- Não há poupança nenhuma. Há jogadores em risco e a articulação com o departamento médico serve para aferir essas situações. Não há rebuçados para ninguém. Joga quem melhor trabalha. Encaro a Taça com enorme responsabilidade e é isso que temos em mente, pois o respeito tem de imperar. Moutinho e Zalazar vão estar em campo, se em simultâneo ou não, não sei. São jogadores internacionais e experientes, tal como Ricardo Horta e Bruma e necessitamos que cheguem ao seu melhor nível. Quem joga é quem trabalha melhor.

André Horta depois da exibição com o Olympiaco ficou na bancada no Estádio do Dragão. Algum puxão de orelhas?

- Foi convocado e ficou de fora, se calhar para que fizesse uma reflexão. A nossa confiança no jogador é a mesma, mas por vezes é necessário bater no fundo e depois voltar ao seu melhor nível. Teve um dia mau e vinha tendo umas semanas más. Não está castigado, a intenção foi mesmo essa, de lhe dizer que faz parte do grupo, mas que precisa de refletir. Quando tiver a sua oportunidade tem de a agarrar e surgir um André Horta renovado, ao nível a que já o vimos anteriormente. Se não for assim dificilmente tem hipóteses de jogar ou de ser convocado.