Três golos dos mexicanos na segunda metade expõem violência física a que os brasileiros foram sujeitos. Agora sim, acaba a época gloriosa do Fogão de Artur Jorge
O Pachuca, que teve um mês para preparar o Dérbi das Américas, espécie de quartos-de-final da Taça Intercontinental de 2024, venceu o Botafogo, que dispôs de três dias para pensar nele. Com três golos na segunda metade, de Idrissi, Deossa e Rondón, os mexicanos decidem agora, no sábado, com o campeão africano Al Ahly, quem vai disputar a final com o campeão europeu Real Madrid, na próxima quarta-feira. O Fogão despede-se, finalmente, da época mais gloriosa da sua história.
A equipa de Artur Jorge, a disputar o 75º jogo do ano, sexto em 18 dias, quase todos decisivos, e depois de cumprir mais de 18 mil kms para jogar em três provas, tinha como principal desafio aguentar-se nas pernas. Para tanto, o treinador descansou Alex Telles, Marlon Freitas, Thiago Almada e Savarino, optando por Cuiabano, Allan, Eduardo e Matheus Martins nos respetivos lugares. Ponte e Adryelson mantiveram-se também no onze, em vez de Vitinho e do convalescente Bastos. O desenho tático, entretanto, manteve o 4x2x3x1 do costume.
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Do lado mexicano, o Pachuca atuou também num 4x2x3x1 de velocidade, combate e muita fé no experiente venezuelano Salomón Rondón lá à frente mas em condições físicas nos antípodas das do rival: o conjunto do uruguaio Guillermo Almada, que não jogava desde 9 de novembro, passou mais de um mês a preparar estes 90 minutos. Antepenúltimo classificado no Apertura mexicano, ainda a ressacar do triunfo, em junho, na final da “Concachampions” frente ao Columbus Crew, colocou todas as fichas na Taça Intercontinental.
E criou dificuldades ao campeão brasileiro e sul-americano ao longo de toda a primeira parte, respondendo em força e vontade à superioridade técnica de Luiz Henrique e companhia. Na segunda parte, o resultado desse esforço centro-americano chegou numa ação individual espetacular do marroquino Idrissi, a deixar no chão a dupla de centrais Adryelson e Barboza num belo slalom pela esquerda do ataque. Nos tais 74 jogos antes deste, só por duas vezes o Glorioso virara uma desvantagem de um golo – a missão não era, pois, fácil.
Artur Jorge, do banco, ainda lançou Freitas, Júnior Santos, Savarino, Tiquinho e Almada mas seria o argentino a errar uma entrega e permitir o roubo de bola dos mexicanos em zona perigosa e o consequente golo do colombiano Deossa num tiro defensável que John não segurou. Até ao fim, o jogo ficou como o Pachuca queria e o Botafogo temia: ataque continuado mas nervoso do segundo, contra-ataques velozes do primeiro, como aquele que deu o 3-0, de Rondón.