Boavista continua impedido de inscrever jogadores
Fary Faye, presidente da Boavista. Imagem: Boavista FC

Boavista continua impedido de inscrever jogadores

NACIONAL29.08.202414:15

Penhora que chegou ao Boavista no período de férias judiciais inviabilizou a resolução, em tempo útil, dos impedimentos de inscrição de reforços

O Boavista vê-se novamente mergulhado em dificuldades, desta vez devido a uma penhora excecional validada durante as férias judiciais, que veio agravar a sua já delicada situação financeira. A decisão, que surpreendeu a administração do clube axadrezado, impediu a resolução das restrições impostas pela FIFA, que têm travado a inscrição de novos jogadores.

A sociedade financeira BTL, detentora de um crédito significativo sobre o clube, conseguiu a aprovação do Tribunal Judicial do Porto para executar uma dívida substancial – inicialmente de 5,2 milhões de euros, mas que já ultrapassa os 6,8 milhões com juros acumulados –, o que se tornou um verdadeiro obstáculo ao plano do Boavista. A execução desta dívida foi ordenada através da venda de passes de jogadores durante a atual janela de transferências, um golpe inesperado para a estratégia da SAD.

Apesar das intensas negociações, que se arrastaram por mais de três meses, a administração do Boavista reconhece que não será possível, até ao fecho do mercado, remover os impedimentos impostos pela FIFA. Estas restrições impedem o clube de inscrever novos jogadores há quatro períodos consecutivos.

No entanto, antes de ser surpreendido por esta reviravolta judicial, o Boavista havia avançado com as contratações de Ibrahim Alhassan e Bruninho, acreditando que as limitações seriam resolvidas a tempo. Agora, com as perspetivas mudadas, a SAD considera as melhores opções para ambos os jogadores, incluindo a possibilidade de transferências imediatas para outros clubes.

Com o mercado de transferências a fechar em breve e sem uma solução imediata à vista, o treinador Cristiano Bacci terá de esperar até janeiro de 2025 para poder utilizar os novos reforços. Até lá, a administração está comprometida em encontrar soluções viáveis para estabilizar o clube.

O clube conseguiu, ainda assim, realizar algumas vendas importantes, como as de Pedro Malheiro (Trabzonspor, dois milhões de euros, mais 500 mil em objetivos) e Chidozie (Cincinnati, 700 mil euros, 500 mil fixos), que proporcionaram fundos suficientes para resolver as restrições nacionais e renovar as inscrições dos atletas já sob contrato. Essas operações eram parte de um plano mais amplo, que pretendia assegurar a estabilidade financeira da SAD e contornar os impedimentos internacionais.

«Durante este período, explorámos todas as alternativas legais e financeiras para garantir que o Boavista pudesse enfrentar a temporada sem esta limitação que tanto nos prejudica. O nosso plano incluía a venda de direitos económicos de alguns jogadores, numa tentativa de fortalecer a SAD e resolver os bloqueios impostos pela FIFA», indicou a administração.

Fary Faye, que assumiu a presidência em maio, após a saída de Vítor Murta, enfrenta agora uma realidade dura, com o clube a ocupar o 11.º lugar da I Liga. Sob o seu comando, a nova gestão promete continuar a lutar pela sobrevivência do Boavista, apesar dos desafios crescentes.

«Estamos numa situação difícil, mas acredito na resiliência da nossa equipa e no apoio dos adeptos. Continuaremos a trabalhar incansavelmente para superar esta crise até ao final do ano. Peço a todos que mantenham a união e a paciência neste momento complicado», concluiu Faye, num apelo à comunidade boavisteira.