Beto: «O segredo é dar tudo e saberem o que querem»
Antigo guarda-redes do Sporting, formado em Alvalade, deixa conselho a Diogo Pinto e Diego Callai, que lutam por um lugar no plantel às ordens de Rúben Amorim
- Entre Diogo Pinto e Diego Callai quem considera que parte em vantagem para garantir lugar no plantel?
- Na teoria, o Diogo já tem alguma experiência na equipa principal, já teve esses primeiros contatos competitivos, digamos assim, portanto, partimos de um princípio que já tem uma pequena vantagem a nível de experiência e de conexão. Agora, na minha opinião, aquilo que o Rúben decidirá, ou aquilo que o Sporting decidirá para cada um deles, acredito que até haja alguma rotatividade entre os dois, julgo que irão trabalhar com muita frequência com a primeira equipa. A treinar aprende-se cresce-se, mas o que é facto é que o ritmo competitivo é aquele que te dá a verdadeira bagagem. Portanto, acredito que possa haver aqui uma utilização dos dois, intercalar um bocadinho tanto um como o outro na primeira equipa, dar-lhes essa experiência de primeira equipa, mas dar-lhes também minutos competitivos.
- Um novo empréstimo de Callai, por exemplo, seria o melhor para ele? Como se lida com isso?
- Falo por experiência própria. Quando fui campeão em 2001 pelo Sporting, com muito pouca utilização, se calhar era preferível quando fui emprestado para o Casa Pia, se calhar muita gente dizia ‘é melhor ficares na equipa A do Sporting, treinas com os melhores’, mas eu queria era competir. Queria perceber se tinha verdadeiramente aptidão e as competências vêm-se em jogo, não em treino. O treino, obviamente, é aquilo que te vai dar os alicerces para o jogo, mas depois, ao fim e ao cabo, o jogo é o que te dá toda a bagagem competitiva. Na minha experiência, acredito que a competitividade é a melhor forma de crescer. E para ser competitivo se tiver de ser emprestado, não há problema, nem acho que nenhum guarda-redes deveria ter esse problema, porque só assim é a melhor forma de crescer.
- Isso também tem que muito que ver com o psicológico de cada um, certo?
- Exatamente. Há jogadores que veem de uma forma, ‘agora vou-me desvincular de um clube grande, vou para um clube, se calhar, de uma dimensão menor’, e há outros que preferem pensar ‘não me importa, não me importa não jogar, desde que esteja a treinar aqui com este símbolo ao peito, se calhar é o suficiente para crescer’. Portanto, há todo o tipo de jogadores, há todo o tipo de mentalidades, há todo o tipo de jogadores que têm os seus objetivos bem claros, e para isso têm de definir bem o caminho que têm de percorrer. Depois há as oportunidades, como foi o caso do Bruno o ano passado, mas se não tivessem existido aquelas duas lesões se calhar o Bruno não teria sido utilizado, não é? Portanto, acredito muito em que a competitividade é que te vai dar a experiência, e se para isso tiver que ser emprestado, e até podem dizer que é um passo atrás, não tem que ser um passo atrás, porque o símbolo, só o símbolo por si não significa que eu tenha que abdicar do meu futuro.
- A pré-época será, portanto, fulcral para as pretensões destes jovens?
- Sim, o segredo é dar tudo. Acredito que serão utilizados em jogos de pré-temporada, para serem analisados e perceber-se como reagem em contexto competitivo, que é o mais importante. Terão oportunidade de treinar, crescer, aprender, jogar e demonstrar quem estará mais apto ou mais bem preparado para fazer parte da primeira equipa. É preciso dizer que estão em avaliação constante. Importante é eles terem bem definido o que é que querem e trabalhar muito.