Benfica é a pior equipa da Champions
Roger Schmidt, treinador do Benfica (Atlantico Press/IMAGO)
Foto: IMAGO

Benfica é a pior equipa da Champions

NACIONAL26.10.202322:15

Única a ter zero pontos e zero golos marcados nas primeiras três jornadas da prova; estatísticas da UEFA mostram vários desequilíbrios nas águias

Ao fim de de três jornadas na Liga dos Campeões o Benfica é a única equipa sem golos marcados e pontos conquistados, o que a coloca no fundo de uma competição onde participam 32 clubes. 

Além das águias, Union Berlim e Antuérpia são as outras formações que ainda não pontuaram, mas pelo menos já conseguiram faturar. Já o Milan, a outra equipa ainda sem golos apontados, já alcançou dois empates. No campeonato dos piores desempenhos, o grupo dirigido por Roger Schmidt está, pois, em primeiro.

As estatísticas da Liga dos Campeões disponibilizadas pela UEFA ajudam a perceber que o problema do Benfica tem a ver com grandes desequilíbrios. Um exemplo: os encarnados têm conseguido criar mais volume ofensivo que o FC Porto (124 ataques contra 121 dos dragões), mas os azuis e brancos já faturaram por sete vezes em oposição ao zero do rival —_e nas tentativas de golo os portistas só têm mais duas (36). 

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Há, portanto, uma grande lacuna na definição e finalização por parte dos campeões nacionais na principal competição de clubes da Europa. Musa é o jogador da equipa com mais tentativas de golo (seis), mas apenas o 46.º no ranking (liderado por Haaland, com 21), no qual Ricardo Horta é o representante nacional mais bem colocado (7.º), com o dobro das aproximações à baliza do avançado croata. Ainda neste capítulo, o top 5 das águias nas tentativas de golo completa-se assim: Di María (5), João Neves (4), David Neres (4) e Aursnes (3).

Seis faltas por jogo

Desequilíbrio é mesmo o termo que define a participação do Benfica na primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões. Porque é das equipas que mais faltas sofre (3.º na lista, liderada pelo FC Porto, com 44) mas das que menos comete: só o Manchester City (porque não precisa) fez menos faltas que os encarnados (19 no total, média de 6,3 por jogo). 

Estes números não o revelam de forma direta, mas os dados que se seguem ajudam o que o olho mais treinado antecipa: as linhas médias não têm sido capazes de filtrar as ações dos adversários e por este motivo Otamendi é o terceiro jogador com mais recuperações (27), num ranking liderado pelo português Diogo Leite (29), do Union Berlim, o estreante na Champions que também ainda não conquistou qualquer ponto, tal como o Benfica. 

Note-se que entre os cinco jogadores dos encarnados que contabilizam mais recuperações, três são centrais (Otamendi, Morato e António Silva), outro tem jogado como lateral (Aursnes) e só um é médio (João Neves). 

Laterais nada ofensivos

A iniciativa individual e os desequilíbrios daí decorrentes também têm sido residuais. Nos dribles, por exemplo, Rafa é o melhor das águias (11), mas apenas o 22.º no quadro geral, no qual João Mário, do FC Porto, é o melhor colocado entre os portugueses (15). 

Este registo do português dos dragões coloca também em perspetiva o pouco peso ofensivo dos laterais do Benfica, em contraste com a época passada, na qual as subidas criteriosas de Grimaldo (principalmente) e Bah provocavam perturbações nas defesas contrárias.

Nesta edição da Champions o internacional dinamarquês tem apenas dois dribles, Jurásek só fez um, Bernat e Aursnes (norueguês que tem alinhado a lateral-esquerdo mas também no lado direito) foram uma nulidade neste campo. 

A nível de cruzamentos a tónica mantém-se: Bah fez apenas cinco tentativas de colocar a bola na área em três jogos, Jurásek só tentou um, Bernat nem um tem para apresentar. Salva-se Aursnes, com sete, apenas menos um que David Neres, a águia que mais vezes vezes cruzou bolas para os avançados que continuam em branco e ajudam a contribuir para registos pouco abonatórios para uma equipa que há um ano, nesta fase, tinha sete pontos, cinco golos marcados e dois sofridos.

SETOR A SETOR

Otamendi, central do Benfica, ainda conseguiu desarmar Kubo no recente jogo frente à Real Sociedad (Maciej Rogowski/IMAGO)

‘Bombeiro’ Otamendi

É o terceiro jogador da edição 2023/2024 da Liga dos Campeões com mais recuperações (27), numa lista liderada pelo português Diogo Leite (29), do Union Berlim. Morato é o segundo da equipa com mais recuperações (16), seguindo-se Aursnes (15) a fechar o pódio.

João Neves, médio do Benfica (Maciej Rogowski/IMAGO)

Neves mais influente que Kokçu

O médio português é médio da equipa que mais passes completos fez na Champions (Aursnes fez mais, 130 contra 126, mas o norueguês jogou mais vezes como lateral). Kokçu soma apenas 82 passes, revelador de uma influência inferior às expectativas.

Musa em ação na derrota do Benfica frente ao Inter, no Giuseppe Meazza (Cristiano Mazzi/IMAGO)

Musa: um remate à baliza por jogo (o melhor da equipa)

É um sinal da pouca capacidade ofensiva do Benfica na primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões. O jogador com mais remates à baliza é Musa, mas o croata só o fez por três vezes (uma por jogo). No total, a equipa só fez 14 remates enquadrados.