Única a ter zero pontos e zero golos marcados nas primeiras três jornadas da prova; estatísticas da UEFA mostram vários desequilíbrios nas águias
Ao fim de de três jornadas na Liga dos Campeões o Benfica é a única equipa sem golos marcados e pontos conquistados, o que a coloca no fundo de uma competição onde participam 32 clubes.
Além das águias, Union Berlim e Antuérpia são as outras formações que ainda não pontuaram, mas pelo menos já conseguiram faturar. Já o Milan, a outra equipa ainda sem golos apontados, já alcançou dois empates. No campeonato dos piores desempenhos, o grupo dirigido por Roger Schmidt está, pois, em primeiro.
As estatísticas da Liga dos Campeões disponibilizadas pela UEFA ajudam a perceber que o problema do Benfica tem a ver com grandes desequilíbrios. Um exemplo: os encarnados têm conseguido criar mais volume ofensivo que o FC Porto (124 ataques contra 121 dos dragões), mas os azuis e brancos já faturaram por sete vezes em oposição ao zero do rival —_e nas tentativas de golo os portistas só têm mais duas (36).
Terceira derrota em três jogos (0-1), desta feita diante da Real Sociedad, que dominou a partida praticamente do princípio ao fim, compromete passagem aos oitavos de final da Champions
Há, portanto, uma grande lacuna na definição e finalização por parte dos campeões nacionais na principal competição de clubes da Europa. Musa é o jogador da equipa com mais tentativas de golo (seis), mas apenas o 46.º no ranking (liderado por Haaland, com 21), no qual Ricardo Horta é o representante nacional mais bem colocado (7.º), com o dobro das aproximações à baliza do avançado croata. Ainda neste capítulo, o top 5 das águias nas tentativas de golo completa-se assim: Di María (5), João Neves (4), David Neres (4) e Aursnes (3).
Seis faltas por jogo
Desequilíbrio é mesmo o termo que define a participação do Benfica na primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões. Porque é das equipas que mais faltas sofre (3.º na lista, liderada pelo FC Porto, com 44) mas das que menos comete: só o Manchester City (porque não precisa) fez menos faltas que os encarnados (19 no total, média de 6,3 por jogo).
Estes números não o revelam de forma direta, mas os dados que se seguem ajudam o que o olho mais treinado antecipa: as linhas médias não têm sido capazes de filtrar as ações dos adversários e por este motivo Otamendi é o terceiro jogador com mais recuperações (27), num ranking liderado pelo português Diogo Leite (29), do Union Berlim, o estreante na Champions que também ainda não conquistou qualquer ponto, tal como o Benfica.
Note-se que entre os cinco jogadores dos encarnados que contabilizam mais recuperações, três são centrais (Otamendi, Morato e António Silva), outro tem jogado como lateral (Aursnes) e só um é médio (João Neves).
Laterais nada ofensivos
A iniciativa individual e os desequilíbrios daí decorrentes também têm sido residuais. Nos dribles, por exemplo, Rafa é o melhor das águias (11), mas apenas o 22.º no quadro geral, no qual João Mário, do FC Porto, é o melhor colocado entre os portugueses (15).
Este registo do português dos dragões coloca também em perspetiva o pouco peso ofensivo dos laterais do Benfica, em contraste com a época passada, na qual as subidas criteriosas de Grimaldo (principalmente) e Bah provocavam perturbações nas defesas contrárias.
Nesta edição da Champions o internacional dinamarquês tem apenas dois dribles, Jurásek só fez um, Bernat e Aursnes (norueguês que tem alinhado a lateral-esquerdo mas também no lado direito) foram uma nulidade neste campo.
A nível de cruzamentos a tónica mantém-se: Bah fez apenas cinco tentativas de colocar a bola na área em três jogos, Jurásek só tentou um, Bernat nem um tem para apresentar. Salva-se Aursnes, com sete, apenas menos um que David Neres, a águia que mais vezes vezes cruzou bolas para os avançados que continuam em branco e ajudam a contribuir para registos pouco abonatórios para uma equipa que há um ano, nesta fase, tinha sete pontos, cinco golos marcados e dois sofridos.
SETOR A SETOR
‘Bombeiro’ Otamendi
É o terceiro jogador da edição 2023/2024 da Liga dos Campeões com mais recuperações (27), numa lista liderada pelo português Diogo Leite (29), do Union Berlim. Morato é o segundo da equipa com mais recuperações (16), seguindo-se Aursnes (15) a fechar o pódio.
Neves mais influente que Kokçu
O médio português é médio da equipa que mais passes completos fez na Champions (Aursnes fez mais, 130 contra 126, mas o norueguês jogou mais vezes como lateral). Kokçu soma apenas 82 passes, revelador de uma influência inferior às expectativas.
Musa: um remate à baliza por jogo (o melhor da equipa)
É um sinal da pouca capacidade ofensiva do Benfica na primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões. O jogador com mais remates à baliza é Musa, mas o croata só o fez por três vezes (uma por jogo). No total, a equipa só fez 14 remates enquadrados.