Benfica: Di María luta por algo que Rui Costa não teve
Ángel Di María (Foto IMAGO/SOPA IMAGES)

Benfica: Di María luta por algo que Rui Costa não teve

NACIONAL24.07.202410:00

Argentino vai cumprir a segunda temporada na Luz e ainda pode cobrir de glória o seu regresso ao clube; antigo médio dos encarnados terminou a carreira com um par de temporadas na equipa do coração, mas sem a conquista que desejava

Ángel Di María, já se sabe, vai representar o Benfica por mais uma temporada. Dificilmente não será a última de águia ao peito, dado que o extremo argentino de 36 anos aproxima-se a passos largos do final de carreira — já se despediu da seleção da Argentina e dentro de um ano estará em causa, muito provavelmente, o tal regresso ao clube de origem, ao clube do coração, a casa: Rosário.

Seja como for, o canhoto que o Benfica trouxe para a Europa em 2007, proveniente precisamente do Rosario Central, vai ter direito a uma segunda oportunidade. Uma segunda oportunidade para cobrir de glória o seu regresso ao clube da Luz, algo que Rui Costa bem tentou, mas não conseguiu. E as histórias do atual presidente e do extremo argentino até nem são assim tão diferentes. No contexto do Benfica.

Ambos chegaram jovens à equipa principal e ambos se afirmaram consistentemente antes de darem o pulo para grandes ligas — Rui Costa saiu em 1994 para a Fiorentina, numa altura em que o futebol italiano, e a Serie A, dominava o futebol mundial, ao passo que Di María trocava em 2010 o Benfica pelo Real Madrid, quase unanimemente considerado o melhor clube do mundo —, ambos voltaram à Luz em estado de graça, amados pelos adeptos, com promessa de tudo darem para conseguirem honrar a camisola.

Rui Costa, recorde-se, não conseguiu terminar como desejava, com o título de campeão. Deixou o Milan em 2006, regressando ao Benfica aos 34 anos, ainda na posse das suas qualidades, técnica, visão de jogo e remate, encontrando Di María no plantel, Fernando Santos no comando técnico e Luís Filipe Vieira na presidência, mas despediu-se sem troféus, sem o tão desejado título de campeão.

Rui Costa e Di María jogaram juntos no Benfica, em 2007/08 (André Alves)

Foram 67 jogos e 11 golos na segunda passagem pelo emblema do coração, 45 jogos e 10 golos em 2007/08, na despedida, mas os números importantes não foram acompanhados pelos resultados da equipa e acabaria por despedir-se a 11 de maio de 2008, num Benfica-V. Setúbal (3-0), sem direito, sequer, a lotação esgotada, algo quase impensável em função do amor que os benfiquistas tinham pelo seu menino bonito. Os resultados eram, todavia, pobres, o FC Porto já era campeão e à frente do Benfica estava interinamente Fernando Chalana.

Di María, que passou por Real Madrid, Manchester United, PSG e Juventus antes de voltar à Luz, pode escrever uma história diferente. O argentino chega a uma equipa que muito aposta na recuperação do título de campeão e que tem mais argumentos do que aquelas que Rui Costa integrou quando voltou ao Benfica. E, curiosamente, é precisamente Rui Costa quem alimenta agora a possibilidade de Di María ter aquilo que ele próprio não conseguiu, que seria terminar no Benfica com a conquista do troféu de campeão nacional.

Rui Costa, refira-se, conquistou, pelo Benfica, um Campeonato, em 1993/94, e uma Taça de Portugal, em 1992/93, ao passo que Di María tem já um Campeonato (2009/10), duas Taças da Liga (2008/09 e 2009/10) e uma Supertaça (2023/24).

É adorado, mas não é unânime

Di María voltou ao Benfica com o título mundial ainda fresco, agora repete a viagem para a Luz, mas com a Copa América no bolso, o que renova a dose de respeito dos benfiquistas. Não obstante, o argentino não é unânime e também não está a gozar o verão mais tranquilo. Ángel teve de lidar, em primeiro lugar, com ameaças, alegadamente, de narcotraficantes que dominam Rosário e não querem o regresso do jogador à cidade, e agora tem de viver com a desconfiança de alguns benfiquistas, que defendem que tem dar mais à equipa. 48 jogos e 17 golos na época passada não foram suficientes para evitar críticas relacionadas com incapacidade física para satisfazer o sistema de jogo de Roger Schmidt.