Benfica: como João Victor deve abordar o Vizela
João Victor trocou o Corinthians pelo Benfica no verão de 2022, Foto IMAGO

Benfica: como João Victor deve abordar o Vizela

NACIONAL11.09.202320:59

Ricardo Rocha jogou muitas vezes adaptado à esquerda e reconhece capacidade ao brasileiro, mas dá exemplos concretos que não poderão ser ignorados

O Benfica deverá estar privado do lateral-direito dinamarquês Alexander Bah, este sábado, em Vizela, no regresso da Liga, dado que o jogador regressou lesionado da seleção e a aposta de Roger Schmidt deverá recair sobre João Victor, central adaptado a defesa-lateral.

Ricardo Rocha, 44 anos, antigo central de SC Braga, Benfica, Tottenham e Seleção Nacional, conhece bem a situação. No Benfica foi utilizado consistentemente como lateral, ele que trabalhou com nomes como José António Camacho, Trapattoni ou Fernando Santos.

Ricardo Rcoha

O antigo jogador descaía para a linha em função da presença de duplas como Luisão/Argel ou Luisão/Anderson e encontra semelhanças com o momento de João Victor, que entende ter condições para desempenhar convenientemente o papel, mas deve estar alerta para perigos. Porque os há quando se muda do centro para a linha.

«Obriga um central a estar sempre mais ativo, pois pode encontrar os tais extremos tecnicamente evoluídos e velozes, mas também o espaço a cobrir é maior, também precisamos de estar atentos ao timing certo para fazer pressão sobre a bola. Se não for assim corres o risco do adversário passar por ti e criar perigo, tem um pouco a ver com o 'feeling' do central.»

«Obriga um central a estar sempre mais ativo, pois pode encontrar os tais extremos tecnicamente evoluídos e velozes, mas também o espaço a cobrir é maior, também precisamos de estar atentos ao timing certo para fazer pressão sobre a bola. Se não for assim corres o risco do adversário passar por ti e criar perigo, tem um pouco a ver com o 'feeling' do central»

«Normalmente há uma adaptação defensiva relativamente fácil, mesmo tendo de lidar com um posicionamento diferente e com um espaço defensivo também diferente, a meu ver a grande questão passa pela eventualidade de encontrar um adversário mais técnico, mais rápido e por isso mais complicado de marcar», explica.

Rocha considera que «os fundamentos defensivos estão lá». «Ofensivamente, porém, é preciso esperar por uma oportunidade para dar apoio, a participação ofensiva, essa sim, é bem diferente», sublinha.

«Não conheço em detalhe João Victor, não o vimos muitas vezes a jogar no Benfica, temos sobretudo os jogos desta pré-temporada, mas sabemos que em França (Nantes) foi utilizado várias vezes como lateral e que revelou boa adaptação», observa, antes de abordar a parte psicológica.

«Não conheço em detalhe João Victor, não o vimos muitas vezes a jogar no Benfica, temos sobretudo os jogos desta pré-temporada, mas sabemos que em França (Nantes) foi utilizado várias vezes como lateral e que revelou boa adaptação», observa, antes de abordar a parte psicológica»

Ritmo é, pois, necessário, mas disponibilidade para fazer a posição também: «Precisas sobretudo de jogar para conseguir uma boa adaptação, mas no caso específico de João Victor haverá certamente grande vontade de contribuir, de estar à altura das necessidades, de mostrar confiança e que tem condições para ser aposta. Quererá ajudar a equipa de forma ativa e usará todas as armas que tem.»

Encerrado o mercado, apetece perguntar se o Benfica deveria ter contratado lateral-direito puro, dado ter apenas Bah: «Não tenho ideia concreta em relação a isso, se o Benfica tentou contratar um lateral-direito e não o conseguiu ou se foi entendido internamente existirem alternativas a Bah. Aursnes, como sabemos, também pode jogar ali.»

Ricardo Rocha recua quase duas décadas para recordar a sua própria experiência. «Lembro-me que tínhamos Miguel, do lado direito, que era muito ofensivo, assim o que acontecia é que ele tinha total liberdade para subir e eu funcionava praticamente como um terceiro central. Um pouco por indicação do treinador, mas também por entendimento nosso», explica.

«Também não precisava de subir demasiado para dar apoio, dado que tinha Simão à minha frente e ele, sozinho, conseguia resolver. Não obstante, procurava, por vezes, apoiá-lo», acrescenta o antigo central.