Benfica-Celta: A crónica e o positivo e negativo

Benfica Benfica-Celta: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL22.07.202301:15

CONTRA A CHATICE, DI MAGIA, VAR E MUSA


O que «dois pés como tacos de bilhar» tiveram a ver com o Benfica (ou não). Só golpe de génio podia fazer o que se fez a Celta à... Benítez  
 

Antes de a bola começar a rolar, fez-se minuto de silêncio em memória de Jacinto - jogador do Benfica de quem Carlos Pinhão disse que tinha «dois pés como tacos de bilhar» - dizendo também que era alma que lá tinha que se tornava o grande jogador que era. Precisando de ganhar o jogo ao Celta para ganhar o Troféu Algarve logo se percebeu que esse espírito de Jacinto não faltava a nenhum dos benfiquistas - todos eles com pés ainda melhores do que os «dois pés como tacos de bilhar» do Jacinto (mesmo os seus defesas). Outra coisa se percebeu, num ápice: que não há transigência em torno da ideia de jogo de Roger Schmidt, essa boa ideia de jogo que vai para além da intensidade aguçada como toda a equipa o joga. Que vai para além da volúpia esperta como toda a equipa se atira,  de fogacho, à procura da bola (na reação à perca). Ou como nunca lhe foge a vontade de descobrir, o mais depressa possível, o caminho mais simples para a baliza do adversário (que nunca deixa de estar nos olhos de todos os seus jogadores).


Há, porém, quem seja capaz de complicar essa ideia de jogo e esse jogo - e isso também se percebeu de súbito: que do outro lado o Benfica tinha equipa de um treinador «chato» e daqueles que são sempre melhores do que os seus melhores jogadores em tudo o que toca a questões defensivas. Nisso há poucos como Benítez - capaz de pôr os seus jogadores a jogarem com argúcia e critério, a argúcia e o critério que vai afastando o adversário da sua baliza - torpedeando-os (mesmo que não os transtorne.


No rescaldo da conquista do Euro-2016, Fernando Santos afirmou-o (em resposta a quem não entende que jogar bem não é jogar bonito):
- Eu adorava ver o Beckenbauer jogar e, uma vez, na Luz, o que vi foi o Beckenbauer espetar três bolas para o Terceiro Anel. Logo aí percebi que até para jogar bem, jogar tão bem como o Beckenbauer, é preciso espetar três bola para o Terceiro Anel.


Sim, foi no espírito dessa metáfora que Benítez montou (esperto) a sua equipa - procurando sobretudo ganhar o jogo por 0-0 (que lhe daria a conquista do troféu). No seu caso, porém, a bola espetada para o Terceiro Anel era algo ainda mais difícil de fazer (mas que a sua equipa foi fazendo muito bem, minutos a fio) - era roubar (com a argúcia e o critério) espaço ao jogo de ataque do Benfica, jogando  bem com bola e ainda melhor sem bola. O que isso fez foi que, durante a primeira parte, apenas se visse uma situação de perigo nos pés de Larsen (ainda com a procissão a sair do adro) - e foi sem espanto que, quando, por volta do minuto 40, Di María se levantou do banco para esboçar aquecimento, o estádio se agitou num bruá. Era óbvio: perante equipa à Benítez era determinate que se soltasse toque de Di Magia (no Dia Maria ou noutro qualquer - que a este Benfica não falta quem o possa fazer…) para se transformarem os becos sem saída em mais largas linhas de horizonte (até ao golo...)

Nesses 45 minutos, destraque maior coube a João Neves e, mudando o onze todo na segunda parte - o que se ansiava aconteceu: que sempre que a bola tocava o pé de Di María o Benfica ficava mais perto do sonho (e, como é óbvio, isso não sucedeu apenas no modo como, na sequência de livre, pôs Lucas Veríssimo a atirar à barra). Aliás, nem foi só nos pés de Di María que o enleio se passou a ver  -  também se viu no Neres e no Kokçu (que vai parecendo cada vez mais ter dentro de si, a explodir, um Enzo Fernández). E porque o futebolé mesmo assim nem foi num golpe de génio de Di Magia que se abriu, enfim, caminho para o golo. Foi num golpe de vista do VAR - que descobriu (muito bem) penálti sobre Tenstedt que o Di María cobrou com classe (e em arte de engano). Logo depois, saindo a bola do centro, Musa aproveitou destrambelho de adversário - parafazer o golo que antes lhe fora negado por duas vezes e o seu frenesim e o seu engodo merecia. 

O POSITIVO

Se é óbvio que, com Di Maria o Benfica é quipa com mais entusiasmo e frenesim, com o sonho a poder soltar-se de um drible ou um passe, Musa começa a parecer mais do que suplente de luxo só.

O NEGATIVO
O menos bom (nem sequer é menos bom por esta altura): a sensação em alguns dos seus médios de dificuldade para se livrarem de teia apertada de marcação de equipa como o Celta.