Benfica avisado: «Não jogamos para defender e não temos medo»

NACIONAL17.09.202420:00

Dálcio Gomes, médio português do Estrela Vermelha, reconhece que plantel das águias é «forte» mas destaca força dos sérvios; deixa mensagem para Renato Sanches

Dálcio Gomes é português, joga pela seleção da Guiné Bissau, passou por Sporting e Belenenses na formação e foi contratado pelo Benfica em 2015. Hoje, aos 28 anos, é jogador do Estrela Vermelha e ainda está a interiorizar a visita do clube da Luz a Belgrado.

Pelo Estádio Rajko Mitic, na Sérvia, passarão alguns dos maiores da Europa, a começar pelo Benfica. «Ainda mal acredito, ainda por cima o Benfica…, jogar contra o Benfica, a minha antiga equipa…», começa por sublinhar Dálcio, a A BOLA.

Nem tudo será, no entanto, amigável, pois está muito em causa na Champions. E o Benfica fica já avisado: «É incrível a atmosfera que se sente no nosso estádio, no túnel, toda a gente me falava daquilo e é, de facto, impressionante o que sai daquelas paredes. O barulho, tudo a tremer, parece que vai cair [risos]. É uma vantagem grande para nós, em casa o Estrela Vermelha transforma-se.»

Há, no entanto, respeito pelo valor dos encarnados, mais a mais como conhecedor da realidade nacional. «Acredito que haverá dificuldades para os dois lados, pois o Benfica tem um grande plantel. Mas aqui também se fizeram grandes contratações, o clube investiu bem. Vamos jogar cara a cara, mano a mano, em casa transformamo-nos e nas competições europeias sente-se verdadeiramente o ambiente do nosso estádio. Não jogamos para defender, não jogamos com medo, vivemos para estes jogos!»

O Benfica trocou de treinador, Dálcio pode ser uma ajuda importante para o Estrela Vermelha. «Conheço bem o trabalho de Bruno Lage, forma equipas fortes, de ataque, tem um jogo muito ofensivo. O Benfica sempre foi forte ofensivamente, sempre foi uma das características mais fortes da equipa do Benfica, mas terá certamente novas ideias, veremos», observou.

Dálcio, mais popular em Portugal como extremo do que na posição de médio-centro, não teve uma carreira fácil. «Tive um percurso difícil, saí do Belenenses para o Benfica, mas fui emprestado. No Benfica, fui para a equipa B e trabalhei com Hélder Cristovão, fui chamado para apenas um jogo com a equipa principal, uma partida de homenagem a Léo (realizada em Santos, no Brasil). A primeira vez que saí para jogar no estrangeiro foi para a Escócia, passei uma época no Rangers com Pedro Caixinha e até começou bem, mas acabou por não ser sempre assim. Foi, ainda assim, uma boa experiência para crescer, para ver outra cultura e realidade. Depois, volto a Portugal para jogar na B SAD de Silas, e de lá fui para a Grécia, onde representei Panetolikos e Ionikos. Por fim, Nicósia, para jogar no APOEL, em 2022/23 e 2023/24»

E como surgiu a mudança deste verão para o Estrela Vermelha? «Terá sido provavelmente no APOEL onde fiz os melhores jogos da carreira, sempre a jogar como número 8, com posse de bola. Mudei muito a minha filosofia de jogo, passei a tabelar, a fazer passes a rasgar… e as coisas têm dado certo. O treinador do Estrela Vermelha, Vladan Milojevic, foi meu treinador no APOEL, antes de Ricardo Sá Pinto. Ligou-me no final da época, perguntou se queria ir para o Estrela Vermelha, que queria contar comigo… Só lhe perguntei se era mesmo a sério [risos] e fui!», conta, sem se deter: «Fiz a escolha certa, graças a Deus conseguimos entrar na Champions. Sempre tive o sonho de jogar na Champions.»

Dálcio conta, ainda, que adora este novo formato da Liga dos Campeões. «Todos vão ter de dar o máximo do primeiro ao último jogo, muito mais atrativo», finaliza.

«Abraço e força para o Renato Sanches»

Dálcio tem relação com dois jogadores do plantel do Benfica, Florentino e Renato Sanches, este último uma amizade fora de campo. «Vai ser especial defrontar o Benfica na Liga dos Campeões, mais a mais com Florentino Luís e Renato. Trabalhei com Florentino na equipa B, o Renato, infelizmente, lesionou-se», observou, antes de deixar mensagem ao médio dos encarnados: «Gosto muito do Renato, é uma pessoa que conheço fora de campo e com muita pena soube que não pode jogar, é grande jogador. Mando um abraço para ele e que tenha força e mente forte para dar a volta à situação.»

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