Antevisão Bayern-Real Madrid: um clássico da Liga dos Campeões!

Gigantes europeus defrontam-se no acesso ao jogo decisivo. Eliminatória começa esta terça-feira, em Munique

Mística, história, estádio cheio com fervorosos adeptos, no acesso ao mais decisivo jogo da Europa do futebol. É dia de verdadeiro clássico da Liga dos Campeões: Bayern e Real Madrid jogam a primeira mão das meias finais da prova milionária!

A Allianz Arena estará, 10 anos e um dia depois daquele fatídico 0-4, novamente repleta. Carlo Ancelotti é, igualmente, técnico do Real Madrid, mas desde aí muito mudou.

Desde esse momento, já os blancos venceram cinco vezes a Liga dos Campeões, sendo que também o Bayern adicionou mais uma orelhuda ao seu palmarés. Ancelotti saiu de Madrid, passou pelo Bayern, regressou e já conquistou a competição mais uma vez, em 2022. Se Ronaldo é o Sr. Champions dentro de campo, Don Carlo pode sê-lo a partir do banco, de onde, em 20 anos, venceu quatro edições.

No banco da casa, porém, não está nenhum amador. Ainda que a experiência não seja propriamente comparável, Thomas Tuchel sabe o que é ser campeão da Europa. O alemão chegou a duas finais consecutivas: em 2020, perdeu para o Bayern ao comando do PSG, no ano a seguir, venceu o Manchester City enquanto treinador do Chelsea. O Bayern chega a esta fase tendo eliminado a Lazio e o Arsenal, o Real Madrid deixou Leipzig e Manchester City pelo caminho.

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«É preciso haver sorte, tática, mas também liberdade»

Thomas Tuchel é o primeiro a deixar elogios a Ancelotti, que considera «uma lenda»: «A sua forma de ser, o seu currículo e a sua experiência fazem dele uma espécie de pai para os seus jogadores. Cada um tem que seguir o seu caminho. O que ele faz não é um sorte. É importante mantermos o foco em nós próprios. Temos de ter disciplina e experiência, eu e os jogadores.» De Ligt, Laimer e Upamecano são as dúvidas para esta partida, Coman é a grande baixa confirmada.

«É um grande jogo, uma meia-final incrível! Como adepto, é uma partida incrível. Este jogo é como se fosse uma final. Alguns jogadores não vão conseguir jogar os 90 minutos, mas não vamos a pensar numa segunda mão. Temos de fazer o melhor possível nesta partida», disse Tuchel. «O nosso objetivo é chegar a Wembley. Vencemos o Arsenal, isso deu-nos muita confiança. Jogar com o Real Madrid é um passo muito importante.»

Do outro lado está Jude Bellingham, para quem o alemão só tem elogios: «A evolução de Jude é incrível, ele tem muito caráter, especialmente considerando o quanto o emblema do Real Madrid costuma pesar. É um jogador diferenciado, vamos tentar pará-lo.» Também para Rodrygo e Vini Jr. houve destaque. «O Rodrygo marca golos muito importante, marcou ao meu Chelsea. O Vinícius começa mais pela ala e depois acelera, é muito clínico. Adoro jogadores brasileiros como eles.»

«É importante a tática, a sorte, mas também liberdade em campo. A tática é uma ferramenta. É como um carro, mas nós é que conduzimos. Os jogadores têm de ter liberdade para colocar em prática as suas ideias do jogo. E se tivermos de desafiar a sorte, vamos fazê-lo», concluiu Tuchel.

«Há os treinadores que não fazem nada e os que fazem mal. Tento ser dos primeiros»

Carlo Ancelotti começou por responder a Bernardo Silva, que definiu o Real Madrid como «uma equipa estranha»: «Não somos estranhos, vestimos uma camisola pesada. Eles avançaram bem na semana passada, nós fomos melhores esta época.» Depois, foi tempo de passar ao jogo.

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O treinador do Real Madrid recusa qualquer favoritismo frente ao Bayern, mesmo que a forma local dos clubes seja bastante diferente - o Real Madrid está lançado para o campeonato, o Bayern perdeu o título da Bundesliga após 11 conquistas consecutivas. «Estamos confiantes, mas temos muito respeito pelo Bayern. Não tiveram uma temporada perfeita na liga, mas foram muito fortes frente ao Arsenal. É preciso olhar à história do clube, que é parecida com a nossa», disse o italiano.

Don Carlo negou a importância do treinador, dizendo que «o treinador ou não faz nada ou faz mal.» «Tento ser dos primeiros. Os jogadores é que têm um papel importante.» Ainda assim, não deixou de elogiar Thomas Tuchel, que considera «um treinador espetacular a nível estratégico», mas afirma que «não vai haver haver uma alteração tática»: «Não acho que vá haver alterações táticas. Temos que avaliar o jogo sem perder a identidade. Precisamos de tudo o que mostrámos esta temporada: defender bem, evitar contra-ataques... tem que ser um jogo muito completo», disse.

Bayern: Kane, Musiala... e os restantes

Em campo, o único português que poderá e deverá figurar é Raphael Guerreiro. Pela direita do Bayern, será Mazraoui o encarregado de parar Vini Jr.. Kim Min-jae e Eric Dier são os favoritos a ocupar os lugares à frente de Manuel Neuer, face às incertezas em relação a De Ligt e Upamecano. Kimmich e Goretzka, em duplo-pivô, deverão jogar à frente da defesa, com Gnabry e Sané à sua frente, juntamente com Musiala. O criativo médio é uma das chaves para desbloquear o resultado, pela sua irreverência com a bola no pé.
Na frente, o lugar é, indubitavelmente, de Harry Kane: o furacão inglês é o segundo melhor marcador da prova e procurará criar estragos, como é em si habitual.

Real Madrid: Bellingol e dupla brasileira no ataque

O guarda-redes Lunin tem-se mostrado a grande nível e não há razão para acreditar que Kepa seja o titular desta partida. Tchouaméni deverá ser o defesa central ao lado de Rudiger, com Lucas Vázquez no lugar de Carvajal, castigado, à direita e Ferland Mendy, o «melhor lateral defensivo do mundo» para Ancelotti, à esquerda.
Kroos é o 6 de construção, rodeado por dois tanques de combate, Fede Valverde e Eduardo Camavinga. Na posição mais adiantada do miolo surge uma das estrelas da companhia: a vaguear entre o meio-campo ofensivo e a área, Jude Bellingham procurará certamente dar continuidade à grande época que está a fazer.
Ao seu lado direito, Rodrygo e, pela esquerda, a flecha Vinícius Jr.: dupla brasileira que procurará fazer estragos na fragilizada defesa bávara.

É, sem dúvida, um dos grandes confrontos da história do futebol. Além de ser o acesso à final, que servirá de motivação extra para os jogadores, é também uma primeira mão, ou seja, nada é decisivo, o que permite maior abertura e liberdade dos protagonistas: os jogadores. Um grande jogo, num grande estádio, certamente com um grande ambiente, na maior competição de clubes do Mundo: os ingredientes estão todos reunidos, veremos quem terá a refeição mais saborosa.