Áudios do VAR: árbitro deveria ter «atrasado» o apito no Gil Vicente-Sporting
Debast caiu na área, Trincão marcou mas o árbitro já tinha apitado

Áudios do VAR: árbitro deveria ter «atrasado» o apito no Gil Vicente-Sporting

João Ferreira, do Conselho de Arbitragem, analisou lance polémico que inviabilizou golo de Trincão

João Ferreira, vice-presidente do Conselho de Arbitragem, analisou lances polémicos registados em dois jogos do Sporting no programa Juízo Final, da Sport TV, deixando reparos ao encontro com o Gil Vicente (0-0), da 15.ª jornada.

Em causa o momento em que Debast se queixa de penálti e, no seguimento do lance, Trincão introduz a bola na baliza, o que não valeria golo porque o árbitro André Narciso já tinha apitado, não deixando concluir a jogada.

Comunicação VAR

VAR (Luís Ferreira): André, sugiro que venhas à zona de revisão para cancelar o penálti. O jogador não o atinge e ele deixa-se cair. Vou mostrar outra câmara em que vês o jogador a arrastar o pé antes do contacto.

Árbitro (André Narciso): Não atinge a ponta da bota?

VAR (Luís Ferreira): Não, olha-o a arrastar o pé para se deixar cair... Se quiseres mostro-te outra vez de frente.

Árbitro (André Narciso): Luís, vou cancelar a decisão do penálti.

«As instruções são para esperar a finalização. O facto de ter apitado até pode ter contribuído para que os jogadores parassem. O guarda-redes também parou. Provavelmente o desfecho depois até seria o mesmo. A partir do momento em que há o apito, o jogo está interrompido. A não ser que seja uma situação de cartão vermelho. Não foi o caso. Permitiu um penálti que não foi penálti, depois não deu golo», começou por observar, defendendo que o jogo não deveria ter sido logo interrompido.

«Algo que gerou desconforto e também não gostámos muito. O que se pedia era que o André atrasasse o apito. Na versão corrida do lance, parece que há infração. Quando vamos analisar com a tal imagem próxima, percebemos que o defensor não comete infração. O atacante encolhe-se e acaba por cair em cima do defensor», analisou.

Sobre o erro, atirou: «Quando erramos e não temos a intervenção do VAR que não nos pode corrigir, sofremos com isso. E o André sofreu, não ficou nada feliz com esta decisão, com o impacto no resultado. Mas temos de olhar para o próximo jogo com a mesma responsabilidade.»

João Ferreira analisou ainda a decisão de reverter penálti sobre Maxi Araújo no Sporting-Santa Clara (0-1), de 30 de novembro, da 12.ª jornada.

Comunicação VAR

VAR (Hélder Carvalho): Cláudio, peço que venhas à zona de revisão para cancelar o penálti, o guarda-redes joga a bola.

Árbitro (Cláudio Pereira): Joga claramente a bola...

VAR (Hélder Carvalho): Vamos preparar a comunicação.

Cláudio Pereira: Sim, após revisão o guarda-redes não comete infração.

«Naturalmente, o árbitro não ficou muito feliz por ter errado. Estamos a falar num lance na parte final de um jogo intenso. O árbitro não seguiu o sinal que costumamos seguir, de que a bola muda claramente de direção, sinal de que o guarda-redes jogou a bola. O que não significa que não haja infração, mas o que se passou foi um choque natural. Não há nenhum facto que prove infração. Boa intervenção», saudou.

«Se [Cláudio Pereira] se focasse só na bola, percebia que o guarda-redes joga só a bola. Pode ser uma questão de foco no momento em que há a disputa. Faz parte da tomada de decisão em escassos segundos. O Cláudio estava bem colocado, a sua linguagem corporal é muito assertiva e estava muito convicto na tomada de decisão. Mas confrontado com as imagens percebeu que se equivocou», acrescentou.