Aubameyang e Garnacho foram os últimos, mas quem inventou mesmo o pontapé de bicicleta?
Um brasileiro foi o primeiro a celebrizar o gesto, mas há quem diga que nasceu no Chile
Marcar um golo de pontapé de bicicleta na final de um Campeonato do Mundo (ou agora no jogo decisivo de uma Liga dos Campeões) é o sonho de qualquer criança que dê uns toques num pelado ou já aprenda o jogo mais a sério nas escolinhas de um clube. Ou ainda que seja, pelo menos, um jogo realmente importante, como o que significava o Aliados-Alemanha Nazi trama do filme Fuga para a Vitória, em que Pelé, perdão o soldado Luis Fernandez, com várias costelas partidas, salta para um momento repassado em câmara lenta e tantas vezes puxado atrás no VHS que marca a nossa infância.
Pierre Emerick Aubameyang e Alejandro Garnacho foram os mais recentes jogadores num grande palco a marcar um golo de pontapé de bicicleta, imitando Wayne Rooney, Cristiano Ronaldo, Marco van Basten e Hugo Sánchez, entre tantos outros. No entanto, quem é que realmente inventou essa forma estranha, quase contranatura, mas absolutamente genial de marcar golos.
Nos quartos de final do Campeonato do Mundo de 1938, o Brasil defronta, a 12 de junho, a Checoslováquia, digna representante da famosa Escola do Danúbio, no Parc Lescure, em Bordéus. Leônidas espanta as bancadas ao inaugurar o marcador de pontapé de bicicleta. No entanto, não terá sido o autor da jogada. Apenas o primeiro a celebrá-la.
Já por alturas do Campeonato Sul-Americano de 1919, o defesa chileno Pedro Gatica costuma aliviar a bola de da sua área com a acrobacia e é por isso que os hispânicos lhe atribuem o nome de «chilena».
Há quem garanta, entretanto, que o pontapé de bicicleta foi inventada no Peru, nos últimos fôlegos do século XIX. Ao basco Ramón Unzaga Asla, que emigra para o Chile, é igualmente creditada uma possível patente, a partir de 1914, bem como ao chileno David Arellano, que demonstra a técnica durante uma digressão por Espanha nos anos 20.
Já Leônidas e outros atribuem a origem a Petronilho Brito, irmão de Waldemar (que descobre Pelé para o futebol) e o primeiro negro brasileiro a jogar no estrangeiro, então pelos argentinos do San Lorenzo. No dia 1 de janeiro de 1922, com as cores do Minas Gerais e diante dos cariocas do Vila Isabel, Petronilho marca dessa forma um dos seus quatro golos na partida, que termina empatada 4-4. É o jornal A Plateia chama à jogada de «bicicleta» e o termo permanece até hoje em todo o lado, exceto no mundo hispânico.
Fique com alguns belos golos de bicicleta:
Hugo Sánchez ao Logroñes em 1988
Marco van Basten ao Den Bosch em 1986
Cristiano Ronaldo à Juventus em 2018
Wayne Rooney ao Manchester City em 2011
Mauro Bressan ao Barcelona em 1999
Como curiosidade, o golo de Pelé pelos Aliados no «Fuga para a Vitória»