As loucuras que os adeptos fizeram para estar no Lusitânia-Benfica
Houve até quem dissesse à mulher que ia trabalhar a São Miguel para acabar na Terceira a ver o jogo da Taça de Portugal; entusiasmo gigante com visita das águias
Foi uma autêntica loucura a vinda do campeão nacional à Terceira. Nos últimos dias que antecederam o encontro, todas as conversas de café centravam-se no jogo mais importante da história do clube com sede na rua da Sé, em Angra do Heroísmo.
Numa ilha onde a esmagadora maioria reparte as suas preferências entre Sporting e Benfica, houve uma corrida desenfreada aos bilhetes, que esgotaram num ápice. «Por restrições impostas pela Federação tivemos de reduzir um pouco o número de bilhetes, e até houve pessoas que cancelaram à última da hora, pois pensavam que o jogo era no sábado», garantiu Paulo Tomé, dirigente do Lusitânia, que afirmou também que o número de bilhetes vendidos rondou os 5600. Uma coisa é certa, e por aquilo que vimos no interior do estádio, estavam garantidamente mais de 6500…
No sector privado e função pública, centenas de trabalhadores meteram um dia de férias para irem propositadamente ao jogo, e temos informação de que houve pelo menos dois açorianos emigrantes nos EUA que viajaram propositadamente para verem o clube da terra natal defrontar o clube do seu coração.
Choveu incessantemente entre as 7 da manhã e as 19 horas, mas, mesmo assim, à hora do almoço... milhares de pessoas!
Logo pela manhã, foi por demais evidente o aglomerado de automóveis que provocou um engarrafamento (algo raríssimo nos Açores…) nos acessos ao estádio. Choveu incessantemente entre as 7 da manhã e as 19 horas, mas mesmo assim, à hora do almoço já havia milhares de pessoas ladeando as rulotes. Meia-hora antes do início do embate, já mais de metade das rulotes tinham esgotado completamente o stock de cerveja e bifanas...
Tive mais lucro hoje do que nas festas da Praia da Vitória no último verão, que duraram uma semana!
Os proprietários do comércio de restauração esfregaram as mãos, tal era a concentração de adeptos ávidos de saciar a fome e sede, antes do aguardado embate. «Tive mais lucro hoje, do que nas festas da Praia da Vitória, no último verão, que duraram uma semana!», assegurou-nos o proprietário de uma rulote.
Paulo Silva, 72 anos, veio da ilha vizinha de São Jorge para ir ver o seu Benfica à Terceira. Já viajou várias vezes dos Açores para Lisboa propositadamente para ir ver o clube de coração. Entre as várias viagens, recorda uma que fez em 1971 para ir ver um jogo da UEFA em que o Benfica goleou o Feyenord por 5-1. «Na altura só havia metro até ao Jardim Zoológico. Os restantes 4 quilómetros faziam-se a pé até ao estádio! A minha família é toda do Benfica, e quem não for é deserdado!», afirmou sem hesitar.
A ilha Graciosa ficou deserta
Paulo Cunha, veio propositadamente da ilha Graciosa, mas sem consentimento da esposa… «Disse à minha mulher que ia em trabalho a São Miguel, mas vim ver o glorioso aqui à Terceira! Amanhã sim, sigo para São Miguel onde ela pensa que já lá estou! Estão aqui pelo menos 300 graciosenses! A ilha hoje ficou deserta», referiu enquanto saboreava uma bifana.
João Sousa, tem uma clinica de fisioterapia em Angra do Heroísmo, e é benfiquista ferrenho tendo mesmo chegado a trabalhar como fisioterapeuta no Benfica Campus, entre 2008 e 2013, a convite de Telmo Firmino. Obviamente que não faltou ao jogo do seu clube.