As ideias de Amorim que «não são para replicar», a pressão e o Moreirense: tudo o que disse João Pereira

NACIONAL04.12.202414:10

Treinador leonino fez a antevisão do jogo da 13.ª jornada da Liga, marcado para esta quinta-feira às 20h15

Mais uma conferência de João Pereira, mais solto desta vez e menos nervoso, o treinador do Sporting fez a antevisão do encontro com o Moreirense.

– A pintura que se fez ao longo destes dias não foi a melhor mas o certo é que o Sporting continua a ser líder, tem o melhor ataque, a melhor defesa, o melhor marcador… É isso que está na mente dos jogadores?

– Sim, continuamos líderes, com a melhor defesa, o melhor ataque e queremos regressar às vitórias. É esse o foco e é o que queremos no próximo jogo.

– O Moreirense continua sem perder em casa.

– Sim, Moreirense está numa boa fase. Não perderam em casa e temos isso bem claro na nossa cabeça.

Sporting sofreu mais golos nestes últimos dois jogos do que aqueles que tinha sofrido antes no campeonato. Este jogo é essencial para recuperar a confiança?

– É verdade que sofremos mais golos mas também tem influência o jogo com o Arsenal... Podíamos ter chegado ao 3-2, mas acabámos por sofrer cinco golos. Depois perdemos contra o Santa Clara, duas derrotas seguidas, algo que não acontecia há algum tempo. Não diria que a vitória é determinante mas é importante. Vai ser isso que vamos tentar alcançar amanhã [quinta-feira].

– O Sporting era considerada a melhor equipa de Portugal e de um momento para o outro há a mudança de treinador, os jogadores parece que já não jogam o futebol a que os adeptos estavam habituados… Sente pressão?

– Pressão tenho desde que sou treinador. Estou sempre sob pressão mas não me deixo acomodar, estou sempre à procura do melhor. Todos sabemos o timing que foi... Uma equipa que ganhava sempre, com um treinador que estava aqui há alguns anos. As coisas mudaram, o treinador não vai voltar, estou cá eu, tenho confiança no meu trabalho e na minha equipa técnica. Estamos preparados para os desafios e para tentar a vitória contra o Moreirense.

– Sente que o balneário ainda preso ao passado, essa dúvida esteve na sua cabeça nestes dias?

– Não há dúvida alguma! Não é numa semana que se muda o que aconteceu em quatro anos. E sinto os jogadores confiantes, com a equipa técnica, com o clube e querem regressar às vitórias.

– Mas a derrota com o Santa Clara pesou…

– Perdemos, mas tivemos mais remates, mais posse de bola, mais oportunidades... e devíamos ter criado mais ainda. O resultado poderia ser outro e neste momento não estávamos a falar disto. Perdemos mas estou confiante de que tudo vai mudar.

– O que disse aos jogadores depois do jogo com o Santa Clara?

– Falei com os jogadores como falo todas as semanas, para preparar o jogo da melhor maneira. Não sou um treinador que faz uma coisa quando ganha e outra quando perde. Não podemos ser levados com os resultados, não mudo consoante o vento. Tenho as minhas convicções e vou continuar com elas, porque acho que é assim que vamos melhorar.

– Mas já houve alguma contestação.

– É normal. Vamos outra vez falar em 11 vitórias seguidas, grande campanha na Liga dos Campeões… e de repente aparecem duas derrotas. Tinha de estar preparado para o que ia acontecer, já sabíamos que é normal as pessoas falarem se perdêssemos. Temos de fazer o nosso trabalho.

– Mas está mais nervoso?

– Se ficasse nervoso não podia estar nesta profissão de treinador. Claro que não fico contente quando perco, mas temos de respeitar.

– Há uns tempos, o empresário disse que Gyokeres só ficava no Sporting por causa de Ruben Amorim. Que Gyokeres encontrou? Ele já não marca há dois jogos, sente-o desmotivado??

– O Viktor continua com a mesma fome e com a mesma vontade de treinar dos outros jogadores.

APROXIMAÇÃO DOS RIVAIS

– Como viu a aproximação dos rivais Benfica e FC Porto na última jornada?

– Já disse antes que o campeonato não estava resolvido em dezembro… Queremos continuar líderes!

– Tem sido difícil passar a mensagem aos jogadores? Será capaz de voltar ao que estava a dar resultado se vir que as suas ideias não estão a passar?

– Isso das ideias do outro treinador é difícil. Se tentar fazer isso, apesar do sistema ser parecido, não sei exatamente em que se baseava. Então, vou imitar uma coisa que não sei replicar, trabalhar? E no final do jogo, o que vou dizer aos jogadores? Para fazerem o que estavam habituados? Já viram que as coisas não são muito diferentes, não jogamos de repente em 4x4x2 ou 4x3x3. Temos de ver o momento. Tínhamos só vitórias, tirando a Supertaça, e de repente perdemos 1-5 em casa. Foi normal os jogadores quererem dar uma resposta rápida para mostrar que esse jogo tinha sido um erro. A bola não entrou e começaram a ficar um bocadinho mais ansiosos. Depressa e bem não há quem, como costuma dizer-se. Foi isso que complicou um pouco mas não foi por falta de ambição e de atitude que perdemos o jogo com o Santa Clara.

– Já aqui falámos muito e fica sempre presente a herança de Ruben Amorim. Sente-a muito pesada nas suas costas?

– Já falei disso. Quem viesse para aqui ia sempre ter essa herança. Toda a gente diz, e eu concordo, até porque não sou muito velho, que Ruben Amorim foi um dos melhores treinadores da história do Sporting: pegou no clube numa determinada altura e condição e ao fim de 4 anos e meio o Sporting luta sempre para ganhar. Claro que a herança é pesada mas já sabia disso.

– O ambiente em Alvalade pode ser determinante numa altura com menos estabilidade? Sente que é ainda mais importante segurar o balneário?

– Acho que o balneário está coeso, os jogadores estão juntos, o staff, toda a gente quer remar para o mesmo lado. Ninguém quer ganhar mais do que nós. Mas sabemos que foi uma grande mudança, pode ter afetado aqui e ali... Mas os jogadores estão confiantes. Agora é tirar um pouco dessa ansiedade e as coisas vão começar a correr melhor.

– O Sporting fez a pior exibição da época diante do Santa Clara. Para uma equipa de que se dizia jogar de olhos fechados, é difícil de acreditar que é só pela troca de treinador. Sente que a equipa acredita no seu processo?

– Acredita! Acho que o que falta é o clique de ganharmos. Como disse, a equipa também sente quando vem de muitas vitórias seguidas. Lembro-me quando fomos campeões, com o Ruben, dos jogos que ganhámos aos 80 minutos, aos 90, aos 90+2... Porque sabíamos que ia dar. Era a aura que existia, dizia-se. De repente, o Ruben sai e os jogadores ficam: será que vai dar?. É isso que cria ansiedade. A partir do momento em que ganharmos o primeiro jogo as coisas vão correr como corriam antes.

AS BAIXAS E EDWARDS

Eduardo Quaresma e Franco Israel são baixas para Moreira de Cónegos?

– O Quaresma não está a 100 por cento ainda e o Franco continua doente [gripe].

– Vai continuar a apostar em Edwards?

– O Edwards conta como todos os jogadores, amanhã vão ver o onze.