Arthur Cabral é mais eficaz como 'joker' mas quer ser o ás de trunfo
Avançado do Benfica precisa de menos minutos para marcar quando sai do banco mas acredita que tem condições para ser a referência do ataque das águias
Arthur Cabral é mais eficaz a suplente utilizado mas não desiste de se tornar a principal referência no ataque do Benfica. O golo apontado ao Casa Pia na última jornada (o único do jogo) marcou o regresso do brasileiro aos festejos, mais de um mês depois, e reforçou o registo que já vinha de trás: o ex-Fiorentina precisa, em média, de menos minutos para marcar se sair do banco de suplentes.
O avançado de 25 anos fez, diante dos gansos, o seu quarto golo como joker num total de 473 minutos, ou seja, marca um golo a cada 118 minutos nesta condição. Já com o estatuto de titular os dados são piores: precisa de 182 minutos para marcar, o equivalente a duas partidas inteiras.
Cabral acredita, no entanto, que tem capacidade para ser o n.º 9 de referência e aquele que deverá ser o substituto natural de Gonçalo Ramos, tal como foi sugerido no momento da sua contratação aos viola pela soma de €20 milhões (mais €5 milhões por objetivos). O jogador já fez saber a muitos daqueles que com ele privam de que não desiste, mesmo se as decisões de Roger Schmidt sejam difíceis de aceitar.
A última vez que Arthur Cabral fez menos dois jogos a titular foi há mais de um mês, quando defrontou Estrela da Amadora, Gil Vicente e Vizela, marcando em todos, e tendo ainda sido suplente utilizado no encontro seguinte, com o V. Guimarães, apontando o golo do empate — quatro golos em quatro jogos, a melhor série do futebolista desde que chegou ao clube, em agosto.
Depois desse ciclo Arthur Cabral perdeu protagonismo, fosse para Tengstedt ou para Rafa num ataque móvel que não trouxe os resultados desejados pelo treinador alemão. O mesmo que justificou o facto de não haver um titular absoluto no ataque por nenhum dos três candidatos (Arthur Cabral, Tengstedt e Marcos Leonardo) terem o «pacote completo», isto é, a capacidade de se darem ao jogo, marcarem golos e pressionarem como fazia Gonçalo Ramos.
13 ações decisivas
Arthur Cabral soma 10 golos e três assistências, cujas ações foram decisivas para a equipa. O ponta de lança de Campina Grande não tem sido aquele que faz o golo da confirmação da vitória ou que serve para avolumar o marcador; pelo contrário, o histórico evidencia que os seus golos tiveram pontos como consequência direta.
Além dos três alcançados em Rio Maior frente aos casapianos, Cabral abriu a contagem em partidas que a equipa venceu sem sofrer golos (se mais nada tivesse acontecido, portanto, a vitória ficaria assegurada): Famalicão e Gil Vicente. A isto deve somar-se o ponto em Guimarães (assegurou o 2-2 final) e golos com SC Braga e E. Amadora que garantiram pelo menos o empate. Só que nestes mesmos jogos foi ele o autor das assistências para os golos que desempataram os desafios a favor das águias (Rafa, E. Amadora; Aursnes, SC Braga).
Tudo somado, 10 golos e três assistências que deram 16 pontos aos encarnados e ainda duas qualificações: em Salzburgo, ao cair do pano, que evitou o adeus prematuro às competições europeias, enviando o Benfica para a Liga Europa, e em Vizela cujo golo e assistência assegurou a passagem às meias-finais da Taça de Portugal.
É este protagonismo que leva Arthur Cabral a querer um lugar que ainda não tem dono.
Perdoado e mimado
Arthur Cabral é neste momento o avançado mais acarinhado pelos adeptos. Isso foi visível em alguns jogos em que foi substituído, com o Terceiro Anel a fazer ouvir o seu descontentamento. A relação passou por momentos de turbulência, quando o brasileiro foi apanhado a fazer um gesto obsceno a adeptos na garagem do Estádio da Luz após o empate diante do Farense (1-1), a 8 de dezembro, mas depressa mudou para melhor quando o ex-ponta de lança da Fiorentina decidiu em Salzburgo (fez de calcanhar o 3-1 que qualificou as águias para a Liga Europa) e adicionou, a partir daí, vários e bons golos, revelando nesses momentos uma apurada técnica que parecia escondida. Mas que ainda não é suficiente para lhe garantir a titularidade.