André Villas-Boas: «Não pode ser tão fácil e tão gozão apresentar umas contas destas no FC Porto!»
André Villas-Boas vai concorrer à presidência do FC Porto (Foto: IMAGO)
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André Villas-Boas: «Não pode ser tão fácil e tão gozão apresentar umas contas destas no FC Porto!»

NACIONAL27.10.202310:18

Antigo treinador atira-se à SAD liderada por Pinto da Costa

André Villas-Boas, que será candidato às próximas eleições do FC Porto, conforme A BOLA adiantou ontem, está preocupado com as finanças da SAD e, na segunda parte da entrevista que concedeu à Tribuna Expresso, deu conta dessa situação, além de outros temas, como «a péssima mensagem» passada para os adeptos perante os prémios avultados pagos à Administração presidida por Pinto da Costa.

O ex-treinador dos dragões deixa críticas implícitas ao modelo de gestão do FC Porto na última década, que, na sua ótica, ««levou o clube a um ponto sem retorno». «O FC Porto tem um passivo absurdo e o que é claro é que os modelos operacionais que estão em funcionamento nos últimos 10, 12 anos não funcionam, porque levaram o clube a um ponto sem retorno. Penso que é isso que deixa os sócios cada vez mais desgastados. Há normativas externas ao F. C. Porto que o obrigam a reformatar-se sob a boa governança e as mesmas não deviam ser só externas, deviam ser internas», lê-se na referida entrevista.

André Villas-Boas abordou ainda o tópico dos capitais próprios, levantando a questão de que o Estádio do Dragão poderia ser transitado para a SAD. «O FC Porto juntou à sua dívida financeira €150 milhões de prejuízo nos últimos 10 anos e tem capitais próprios negativos de €175 milhões. O que é um bom cenário futuro? É a nova regulamentação sobre o fair-play financeiro que obriga os clubes a constantemente evoluírem sobre os capitais próprios. O estádio do FC Porto, por exemplo, ainda pertence ao seu clube e poderá ser transitado para a SAD e a partir daí haver logo um benefício em termos de capitais próprios, um pouco em linha com o que se passa no Sporting. Há maneiras de fazer os capitais próprios negativos do clube evoluírem e não parecerem tão chocantes como atualmente».

André Villas-Boas diz que o lado positivo é o sucesso desportivo, mas que isso acaba por premiar os administradores da SAD do FC Porto «quando o clube se encontra em ruína absoluta». «Há uma grande disparidade entre sucesso desportivo e desequilíbrio financeiro e isso corresponde especificamente à gestão da organização. O FC Porto tem gastos absurdos não só na sua massa salarial, mas também nos seus serviços externos, nos comissionamentos, na administração. Há uma série de poupanças que são evidentes e fáceis de fazer, havendo desejo para que as mesmas aconteçam».