Ambição, agregar jogadores e a posição de Di María: tudo o que disse Bruno Lage

Técnico do Benfica fez a antevisão à partida com o Atlético Madrid, para a 2.ª jornada da Liga dos Campeões; identifica as forças do adversário, os três aspetos «fundamentais» para ganhar ao mesmo e o que tem feito para evoluir a equipa

— O Benfica está numa fase de aquisição de rotinas, enquanto o Atlético Madrid tem o mesmo treinador há mais de 10 anos. Dentro do relvado, como é que vai diluir esta diferença entre as equipas?

— Três coisas serão fundamentais: sermos uma equipa, ter a melhor versão de cada um dos nossos atletas em campo e ter uma ambição enorme de vencer.

— Já tem quatro vitórias, fez duas reviravoltas e três goleadas, mas já disse que o Benfica ainda não fez nada de especial, vencer o Atlético seria algo de especial, e se este será o maior teste desde que regressou ao Benfica?

— Testes têm sido todos porque neste momento não há margem de erro nas competições em que estamos inseridos. O Atlético é uma grande equipa, mantém o treinador há 13, 14 anos, fez duas contratações na Premier League, o Gallagher do Chelsea e o Julián Álvarez do Manchester City e só isso revela o potencial da equipa. Para o nosso grupo, quero que eles mantenham o sentido coletivo e a ambição de vencer. Para o grupo seria algo de especial juntar mais uma vitória às quatro que fizemos, mas para a dimensão do Benfica, continuava tudo na mesma, porque o Benfica já teve muitas mais conquistas do que aquela que seria vencer o jogo com o Atlético. Nós temos de fazer um crescimento sustentado e o mais importante é entrarmos com ambição de vencer, que nunca nos pode faltar.

— Já disse que não tem tido muito tempo para trabalhar, mas tendo em conta as boas exibições e os resultados do Benfica, o que aconteceu mais no plantel foi uma mudança mental e não tanto uma mudança tática?

— Não quero fazer comparações com o passado. O que lhe posso dizer é que as primeiras ideias que passei para os jogadores eram sobre os posicionamentos em campo, ter um conjunto de ideias, em termos ofensivos, que quero passar e trabalhamos com base no que acontece no jogo, muito à base de análises de vídeo e de reforçar os nossos comportamentos positivos. Depois, sem comparar com ninguém, é o perfil de cada treinador. O meu é de agregar, juntar pessoas e com o objetivo sempre de tirar o melhor partido dos jogadores e preparar estrategicamente o jogo seguinte. É a minha forma de trabalhar e é nisso que me foco.

— Falou em juntar pessoas e agregar, por isso, neste momento, sente que já uniu por completo a equipa com os adeptos?

— Não acredito que uma equipa tenha sucesso se os jogadores não trabalham em equipa, isso é fundamental, temos de ser uma equipa a atacar e a defender. O passo seguinte, nós temos de nos aproximar de quem nos apoia e esses vão-nos apoiar se se identificarem com a equipa, se virem que a equipa representa os valores do clube que apoiam. Isso é fundamental. É importante passar isso para os mais velhos, para que todos os que trabalham à volta dos jogadores possam transmitir os valores do clube aos mais novos.

— Na sua primeira passagem no Benfica não foi muito feliz, pergunto-lhe se tem agora o objetivo de deixar uma imagem diferente e nesse sentido, o que seria uma boa Liga dos Campeões para o Benfica?

— O objetivo é continuarmos neste registo, independentemente de estarmos em competições nacionais ou na Liga dos Campeões, nós não temos margem para errarmos em qualquer competição. Prometemos entrar em campo com essa ambição, depois se o conseguimos fazer ou não, depende do jogo, mas o que sinto é que teremos uma equipa competitiva e teremos a melhor versão dos nossos jogadores, o que tornará mais fácil atingirmos esses objetivos. A Liga dos Campeões, para mim e para os jogadores, tem aqueles jogos que podem transformar carreiras porque estamos a competir com equipas de outro nível. É importante para mim e para qualquer outro treinador vencer jogos na Liga dos Campeões, mas para já esse não é o meu foco. O que eu mais quero é que joguemos para ganhar, essa tem de ser a nossa ambição.

— Desvendou o véu sobre a possibilidade de colocar Di María na esquerda do ataque, o que não tem sido habitual. Isso é uma forma de querer atacar a profundidade para ferir o Atlético Madrid, a partir dos corredores laterais? E para quando é que pensa ter Renato Sanches disponível?

— Sobre o Renato, ele já fez treino de campo e está a evoluir muito bem. Agora é dar-lhe o tempo necessário para integrar os trabalhos da equipa. O Di María tem jogado tanto à direita como à esquerda, é verdade que aqui tem jogado à direita, mas vou recordar que a final do Mundial jogou à esquerda e marcou um golo. O que eu sinto é que é muito forte em situações de um para um e os colegas de seleção que jogam no Atlético Madrid sabem disso. A minha única questão é saber onde o podemos colocar, se à direita ou à esquerda, para tirarmos partido dessas características e criarmos mais oportunidades de golo.