Alta pressão no Benfica
Os encarnados defrontam esta terça-feira a Real Sociedad na Champions e precisam de vencer; o que pensam José Peseiro, João Alves e Carlos Xavier sobre o momento das águias
Depois da grande campanha europeia da época passada, de estreia com Roger Schmidt no comando da equipa, esta fase de grupos da Champions não está a correr como desejavam os encarnados. Derrotas com Salzburgo (0-2) e Inter (0-1) tornam decisivos os próximos duelos, ambos frente aos espanhóis da Real Sociedad, e o primeiro é já esta terça-feira, no Estádio da Luz.
A BOLA falou com algumas grandes figuras do futebol português sobre este primeiro confronto com a Real Sociedad e concretamente sobre o que de diferente existe neste Benfica em relação ao da época passada; e também sobre o momento de pressão das águias na Liga dos Campeões.
João Alves, antigo jogador do Benfica, treinador e comentador desportivo, vê equipa de Schmidt a querer «de novo apanhar o comboio» e com «reforço de última hora»
«Agora, no jogo com o Lusitânia, senti a equipa em termos físicos melhor do que vinha parecendo. Parece querer novamente apanhar o comboio. Foi um jogo que exigiu seriedade e o Benfica teve-a; foi intenso e pressionante. É evidente que para este jogo de Champions será muito importante ter ou não os jogadores que estão a recuperar de lesões… há ali gente muito importante, um foi campeão do mundo [Di María] há meses e está em grande momento de forma… porque vão defrontar uma equipa muito complicada. Conheço muito bem o futebol espanhol e sempre foi muito complicado jogar com a Real Sociedad. E agora têm uma muito boa equipa e estão numa boa fase», avisa João Alves.
Mas a aposta é no favoritismo das águias: «O Benfica, apoiado pelo seu público, tem todas as condições para vencer. Schmidt tem de montar uma equipa equilibrada, bem estruturada para ganhar o jogo. Nos Açores, viu-se também o regresso de Gonçalo Guedes, que voltou bem e foi decisivo, é uma aquisição de última hora para a equipa do Benfica. Esta equipa do Benfica tem argumentos, tem qualidade para pensar positivo. Terá de pensar positivo para o jogo com a Real.»
José Peseiro, atual selecionador da Nigéria, torce nariz a quem «num clube como o Benfica» não consiga jogar sob pressão e diz que basta haver sintonia nas dinâmicas
«Quem está no Benfica, uma equipa deste nível, não pode estranhar a pressão de ter dois jogos decisivos na Champions, frente à Real Sociedad. Talvez os mais recentes, os mais novos, um pouco, mas para render em grandes clubes, a este nível, é preciso saber lidar e jogar com esta pressão. O que estes jogos podem ter de perturbador têm seguramente também muito em motivação, são jogos de Champions, a melhor e maior competição de clubes do mundo!», aponta José Peseiro.
«O que pode ajudar a explicar as diferenças da edição da Champions da época passada para esta? Deste Benfica para o de antes? O que tem de acontecer é os jogadores ainda se estarem a adaptar às dinâmicas, à ideia do treinador; e o treinador aos jogadores, porque são diferentes e isto é tudo um processo. Ok, saíram o Gonçalo Ramos e o Grimaldo, mas eram jogadores muito importantes nas dinâmicas da equipa. E a ideia nunca é só do treinador, é de todos e os jogadores têm de a compreender e aceitar. Isto acontece no Benfica, no Barcelona, em todos os clubes do mundo. Schmidt mostrou a época passada que tem qualidade e tem agora a responsabilidade de encontrar novo equilíbrio na equipa, nada é igual. Todos querem que seja rápido, mas nem sempre é assim», conclui o treinador português.
Carlos Xavier, antigo internacional português, jogou na Real Sociedad. «Não acredito que o Benfica viva uma crise na Champions, antes uma crise de golos, de resultados», diz
«Vai ser um jogo muito intenso, mas para o Benfica é diferente, porque não pode perder. E vai defrontar uma equipa que chega muito moralizada, num bom momento, que tem qualidade… diria que este será de 50-50 para cada uma das equipas», começa por apontar Carlos Xavier a A BOLA.
Carlos Xavier representou a Real Sociedad entre 1991 e 1994. «Sei que os adeptos da Real estão a aderir em massa a este jogo, vêm muitos à Luz, acompanham a equipa estando bem ou mal e vão certamente criar uma atmosfera de jogo muito especial.»
Em relação ao momento europeu das águias... «O futebol vive de golos, de resultados. Quando as equipas criam oportunidades e não marcam isso pode ser negativo. E é isso: não acredito que o Benfica esteja a viver uma crise na Champions, antes uma crise de golos, resultados. Não conheço bem Arthur Cabral, não sei se será a solução, mas conheço Musa e é bom jogador.»