Espanha A reação de Dani Alves após saber que continuaria detido
Segundo notícia do diário desportivo catalão Sport, esta quinta-feira, Dani Alves terá ficado em silêncio, na sua cela, durante a manhã da passada terça-feira, altura em que foi divulgada a decisão do tribunal, que rejeitou o recurso para a sua libertação, sob fiança, enquanto decorre a investigação, considerando haver risco de fuga.
A defesa do brasileiro já havia emitido um comunicado, destacando que este nunca quis sair de Espanha para escapar à investigação, mas as autoridades espanholas entendem o oposto e pretendem evitar uma repetição do 'Caso Robinho'.
O antigo internacional brasileiro, de 38 anos, fugiu para o Brasil após ter sido acusado de participar, com um amigo, na violação de uma jovem albanesa, de 23 anos, em 2014, quando jogava no Milan, numa discoteca de Milão, e foi condenado, em 2022, a nove anos de prisão pelo Supremo Tribunal da Itália, que solicitou a extradição do jogador para este cumprir a pena, contudo sem sucesso, já que a Constituição do Brasil proíbe a extradição dos seus cidadãos, e, desta forma, Robinho continua impune, na sua pátria, tendo sido visto em público, recentemente, numa manifestação a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro depois da eleição de Lula da Silva.
Também o antigo internacional brasileiro Mancini, lateral/ala-direito que representou Roma, Inter de Milão e Milan, chegou a ser condenado a dois anos e oito meses de prisão por ter violado uma jovem, no apartamento desta, a 9 de dezembro de 2010, após ter-lhe dado boleia na sequência de uma festa organizada pelo então companheiro de equipa e compatriota Ronaldinho Gaúcho, depois de, no início desse ano, ter sido dispensado por José Mourinho. Tal como Robinho, também Mancini saiu impune, pois quando a justiça italiana emitiu o veredicto, o jogador já se encontrava no país de origem, ao serviço do Atlético Mineiro.
Recuando até julho de 1987, Cuca, famoso treinador brasileiro, então jogador do Grémio Porto Alegre, após vitória sobre o Benfica, com quatro companheiros de equipa (Eduardo, Henrique e Fernando), foi detido no hotel Metrópole, em Berna, após acusação de violação coletiva de uma menina de 13 anos que havia entrado naquela unidade em busca de camisolas e lembranças de jogadores do Grémio, acompanhada por dois amigos, expulsos pelo quarteto, que ficaria detido 28 dias numa prisão suíça. Os quatro atletas seriam libertados após o final da primeira fase de instrução e acordo obtido pelo Ministério brasileiro de Relações Exteriores. Já no Brasil, o quarteto recebeu a condenação pelo crime, mas, pelo facto de aquele país não extraditar os seus cidadãos, nunca a cumpriram.
Já mais recentemente, em maio de 2021, a Nike rompeu o contrato de patrocínio com Neymar, que mantinha desde os 13 anos de idade do avançado, na sequência de uma investigação interna de alegado assédio sexual a uma funcionária da famosa marca norte-americana, num hotel, aquando de uma campanha publicitária em Nova Iorque, juntamente com o lendário basquetebolista Michael Jordan, declarando, em comunicado, que o atual jogador do Paris Saint-Germain se recusou a cooperar no processo de averiguações: «A Nike ficou profundamente perturbada com as alegações de agressão sexual feitas por uma de nossas próprias funcionárias contra Neymar. O suposto incidente ocorreu em 2016 e foi oficialmente relatado à Nike em 2018. [...] A investigação foi inconclusiva. Não surgiu nenhum conjunto de factos que nos permita falar substantivamente sobre o assunto, portanto, não seria apropriado para a Nike fazer uma declaração acusatória sem ser capaz de fornecer factos de apoio. A Nike encerrou o seu relacionamento com o atleta porque ele recusou-se a cooperar de boa-fé com uma investigação de alegações credíveis.»
Agora, a defesa de Dani Alves, acusado de violação de uma jovem de 23 anos, na discoteca Sutton, em Barcelona, na madrugada de 30 para 31 de dezembro, prepara-se para apresentar nova argumentação e tentar provar a inocência do brasileiro, o qual já declarou várias (e diferentes) versões do sucedido: a mais recente, e surpreendente, foi a de que a vítima de violação foi não a jovem em questão, mas sim o próprio futebolista de 38 anos a ser forçado a relações sexuais. Dani Alves, inicialmente negou conhecer a vítima, mas as imagens do sistema de videovigilância do referido estabelecimento de diversão noturna, exibem o contrário e demonstram que o brasileiro mentiu, o que não abonou, de todo, a favor da sua libertação.