HISTÓRIA A BOLA A mensagem e as conversas: saiba como Rui Borges preparou o dérbi em três dias

NACIONAL31.12.202407:40

A BOLA revela os bastidores da vitória no dérbi com três dias de trabalho. A mensagem passada ao plantel e a aceitação de um modelo que veio para… ficar

Um novo leão em tempo recorde: apenas três dias de trabalho. Que resultaram numa vitória no eterno dérbi com o Benfica, com Alvalade a rebentar pelas costuras. Seria difícil pedir um melhor começo para Rui Borges. Mas mais do que o resultado, decisivo para voltar a colocar os leões no topo da tabela classificativa no virar de ano, ficou a imagem coletiva positiva após um curto espaço de tempo.

Mudou o sistema, é certo, mas também a disposição dos jogadores, mais confiantes e confortáveis em campo, eles que estiveram sempre recetivos à ideia de mudança sem um corte profundo com o passado recente. Com conversas individualizadas junto de todos os jogadores, que, de pronto, ficaram a conhecer o que o treinador pretende no futuro.

Rui Borges mostrou personalidade vincada e uma liderança diplomática (SPORTING CP)

A mensagem foi passada na perfeição. Palavras que A BOLA agora revela e que foram determinantes para a resposta positiva no primeiro teste de Rui Borges. Afinal, o que mudou após a entrada do novo técnico? Primeiro ponto: o discurso. Rui Borges, ao que foi possível apurar junto de fonte próxima do plantel, «falou muito ao coração dos jogadores», apelando, sobretudo, ao sentimento de crença. Em todos os momentos de treino. Devolver a confiança ao plantel, de forma a que todos pudessem acreditar neles próprios e nas suas capacidades, foi a primeira missão do técnico. Essa limpeza mental, transmitida de forma natural, com palavras simples, foi o primeiro objetivo de Rui Borges. Ainda antes de passar para o trabalho de campo.

Rui Borges tentou passar cunho pessoal à equipa sem cortar radicalmente com o passado recente (SPORTING CP)

CONVERSAS INDIVIDUAIS COM TODOS

E é aqui que chegamos ao segundo ponto: as questões táticas. Antes de lançar este novo modelo, o técnico mirandelense procurou saber, junto de cada um, se estariam confortáveis nas novas missões que tinham de desempenhar. E teve uma rápida aceitação. Os trabalhos, esses, incidiram muito na «questão da pressão ao adversário e da recuperação». Aliada a uma exigência máxima em relação ao «comportamento sem bola», com muitas mensagens de apelo à «capacidade de sofrimento e superação». Sem tempo para testar muitas das movimentações desejadas para o futuro, estas foram as palavras mais passadas nos últimos dias. E que tiveram efeitos práticos depois do duelo com o rival encarnado.

DEFESA A 4 E VARIAÇÕES NO ATAQUE

Com uma personalidade vincada, sempre próximo dos jogadores, a aceitação na ideia de mudança acabou por apressar as ideias do treinador, que não hesitou na alteração de um modelo que tinha quase cinco anos de rotinas. Rui Borges fez questão, porém, de não cortar totalmente com o passado, tentando, numa primeira instância, um modelo mais híbrido, com automatismos já trabalhados.

Rui Borges tem tentado inserir muitas variações no ataque (SPORTING CP)

A principal diferença surgiu no setor defensivo. No qual o Sporting sofreu uma mutação para um 4x4x2 clássico, com Matheus Reis e Eduardo Quaresma a assumirem papéis determinantes nas laterais.

A atacar, por sua vez, outro tipo de variações. Com maior liberdade e profundidade para Geny, figura principal do dérbi, e Quenda, com reforçado poder de ligação e jogo interior. Depois, o rasgo e a imprevisibilidade de Trincão, a jogar mais próximo de Gyokeres.

E, a partir daqui, tudo será diferente. O modelo veio para ficar... e aperfeiçoar em 2025. Até porque a primeira avaliação não poderia ter sido melhor...

Rui Borges é a mais recente aposta de Frederico Varandas para o comando técnico do Sporting (Foto: Miguel Nunes)

CLAÚSULA NOS €20 MILHÕES

O Sporting blindou Rui Borges com uma cláusula de rescisão de 20 milhões de euros. Uma notícia confirmada por A BOLA, que sustenta a confiança da SAD dos leões no técnico que ocupou a vaga de João Pereira. Depois de pagar 4,1 milhões de euros ao Vitória de Guimarães — uma verba repartida com o Moreirense — para resgatar o técnico de 43 anos, o Sporting acertou um vínculo válido até 2026 com opção de renovação automática caso os leões se sagrem campeões nacionais. Os 20 milhões de euros são, curiosamente, o dobro do que o Sporting acabou por receber do Manchester United pela saída de Ruben Amorim no passado mês de novembro.

Aposta segura da SAD, Rui Borges está, assim, mais protegido para uma eventual saída no futuro. Apresentado no passado dia 26, estreou-se com uma vitória, por 1-0, sobre o Benfica e voltou a colocar os leões no topo da classificação no virar de ano. Um bom cartão de visita para o técnico que tem a missão de tentar levar os leões à conquista do bicampeonato.