A melhor Grécia desde Fernando Santos

INTERNACIONAL14.10.202400:30

Helénicos estão numa fase positiva que não se via desde que o português era o selecionador. Equipa soma cinco vitórias seguidas, está próxima da elite europeia e faz os gregos sonharem com tempos de glória que parecem sempre envolver Portugal

A Grécia não teve dificuldades em vencer, este domingo, a Irlanda por 2-0. Foi uma vitória que surgiu de um favoritismo que não é costume associar à Grécia no passado recente e que colocou a seleção muito próxima da subida de divisão à principal divisão da Liga das Nações – já assegurou, pelo menos, a disputa do play-off de subida.

Claro que este triunfo surgiu após a surpresa que Pavlidis provocou no terreno sagrado da seleção de Inglaterra, em Wembley (vitória por 2-1 com bis do jogador do Benfica). Estes dois últimos jogos ajudaram a equipa a chegar ao quinto triunfo consecutivo (incluindo jogos particulares), algo que já não acontecia… há oito anos.

É um dado que chama a atenção para uma equipa que não só está afastada das competições de seleções há mais de 10 anos, mas também não é vista como uma ameaça há muito tempo.

Declínio começou com a saída de Fernando Santos

O maior triunfo grego de sempre foi, como se sabe, em Portugal, no Euro 2004. Uma conquista que ainda hoje Inglaterra, por exemplo, nunca alcançou. Mas a seguir ao Europeu que partiu os corações lusitanos, a melhor fase de sempre desta seleção também está a associada a Portugal, mais concretamente a Fernando Santos.

Fernando Santos com Georgios Karagounis, ex-Benfica, no Euro 2012 (IMAGO)

Contratado em 2011, o treinador levou a Grécia ao Euro 2012, onde só caiu nos quartos de final perante a Alemanha. Em 2014, o feito de Fernando Santos foi ainda mais estrondoso: fez a melhor participação de sempre da Grécia num Mundial, caindo somente nos penáltis nos oitavos de final contra a (igualmente surpreendente) Costa Rica.

Fernando Santos assumiu depois as rédeas da Equipa das Quinas, ajudando-a a ultrapassar a angústia de 2004 e vencendo o Euro 2016. Enquanto isso, a Grécia começou a cair no ranking FIFA: chegou a estar na 10.ª posição com o treinador português ao comando, mas já acabou 2014 em 18.º. Em 2019, passou pelo 60.º lugar, a pior classificação desde 2001.

Com isto acabaram-se também as participações em grandes torneios de seleções, mas a Liga das Nações voltou a dar esperanças à seleção mediterrânica.

Objetivo: Mundial 2026

No final de 2023, a Grécia falhou o apuramento direto para o Euro 2024. Mas um primeiro lugar na Liga C da Liga das Nações levou a formação a um play-off que dava acesso ao torneio jogado na Alemanha. Na 1.ª ronda, a equipa superou o Cazaquistão, mas perdeu depois na Geórgia e com um novo desgosto nas grandes penalidades.

Só que a Grécia estava a melhorar – há anos que não se aproximava de uma qualificação destas – e a contratação de Ivan Jovanovic para selecionador, no último verão, continuou esse processo. Tanto que o sérvio conta por vitórias os quatro jogos que orientou na presente edição da Liga das Nações.

Ivan Jovanovic, selecionador da Grécia (IMAGO)

Isto também só é possível devido a uma geração talentosa de jogadores, começando pela ligação a Portugal: Pavlidis já tem 42 internacionalizações e disputa o lugar de ponta de lança na seleção com Fotis Ioannidis, que esteve a um passo de ingressar no Sporting no último mercado de transferências.

Na baliza está outra cara conhecida dos benfiquistas: Vlachodimos há muito que é o titular da seleção, mesmo que não jogue com regularidade no clube (quer seja no Forest ou, esta época, no Newcastle).

Depois também há talento na defesa, com Tsimikas (Liverpool) e Mavropanos (West Ham e ex-Arsenal). No ataque, nota ainda para Christos Tzolis, que na temporada transata teve 32 contribuições diretas para golo no Fortuna Dusseldorf e agora atua com regularidade no Club Brugge.

Assim, a Grécia tem um objetivo claro em mente: terminar um interregno de 12 anos e confirmar a qualificação para o Mundial 2026. Não só será o maior Mundial de sempre, mas com este momento atual, é natural que a equipa tenha toda a ambição (e também a capacidade) para lá estar.