A felicidade pode muito bem ser apenas um momento (crónica)
Francisco Trincão e Gyokeres celebram golo do Sporting ao Nacional
Foto: IMAGO

Sporting-Nacional, 2-0 A felicidade pode muito bem ser apenas um momento (crónica)

FUTEBOL25.01.202522:54

Leão aumenta vantagem para o rival Benfica com um golo brilhante de Trincão e as lágrimas de João Simões

Tantas vezes se vai «à bola», tantas vezes se sai desiludido; tantas vezes se vê um jogo e um momento apenas serve para se ficar de boca aberta, na memória, ou decidir um campeonato. O Sporting-Nacional foi muito disto, porque a exibição leonina esteve longe da exuberância, Trincão marcou um golo brilhante que ninguém esquecerá e fica apenas por saber a relevância daquele pontapé na atribuição do título de campeão. Poderá passar despercebido pelo 2-0 final, mas a história do encontro dependeu praticamente dele.

Esperava-se uma entrada a todo o gás dos leões, pela derrota de Leipzig na Champions, mas sobretudo pelo que sucedeu em Rio Maior com o rival Benfica, momentos antes do apito inicial. Mas o Sporting ficou-se por um começo relativamente bom frente ao Nacional.

O leão chegou-se à frente, rondou a área madeirense, mas não causou uma jogada de golo que fosse. Ou seja, houve uma superioridade notória com a bola, com a zona do terreno em que se jogaram os primeiros minutos, mas sem ninguém se levantar da cadeira de onde via o jogo.

O primeiro tempo foi jogado nestes termos: o Sporting com bola, o Nacional com uma linha de cinco atrás, quatro ao meio a defender e a tentar com um homem na frente ganhar a bola e surpreender o leão no contra-ataque.

Gyokeres voltou sem ser o mesmo

Não havia, portanto, muito para contar, nem tanto para analisar, num Sporting em que Trincão apresentou-se na direita, Bragança ao meio no apoio ao avançado sueco, Quenda bem aberto na esquerda, enquanto Maxi Araújo jogava pelo interior. Morita e Hjulmand controlavam o meio.

Em suma, o jogo era morno, quase monótono, aqui e ali pontuado por um remate leonino sem perigo. Dir-se-ia que o mais notório que se via em campo era um Gyokeres mais apagado, ele que voltou a um onze de Rui Borges com cinco alterações tendo em conta a derrota na Champions.

O Sporting pecava nalguma rapidez nas ações, mas não pecou na ousadia. Através do pé esquerdo de Francisco Trincão, deu um chuto na monotonia, chegou ao 1-0, Gyokeres quase fez o 2-0 de seguida e ali, na compensação do primeiro tempo, o encontro podia ter ficado resolvido.

Chorar de felicidade

Havia esperança, a expectativa rotineira de um intervalo, de que as coisas pudessem mudar. Para os da Madeira o resultado, para os de Lisboa a exibição. Ficou tudo igual, na verdade, apesar das diferentes alterações que os dois treinadores foram fazendo.

O Sporting assustou um bocadinho mais Lucas França, sobretudo quando Rui Borges trocou Bragança por Catamo e o leão ganhou um extremo e puxou Trincão para o meio. Foi pelo moçambicano que o leão ganhou alguma velocidade e numa jogada Fresneda obrigou o guarda-redes a uma grande defesa.

Havia preocupação em Alvalade? Sim, mas por Morita, que saiu com aparente nova lesão e não pelo que os madeirenses produziam no ataque. O Nacional defendeu-se muito e bem, mas só mesmo o 1-0 deixava apreensão nos adeptos leoninos, pois este era um jogo em que o campeão e líder do campeonato não entusiasmava ninguém, mas em que o 14º classificado só aos 86 minutos conseguiu rematar à baliza: era Rui Silva quem estava na baliza, já agora, uma das tais cinco alterações do técnico leonino.

Quando João Simões atirou para o 2-0 e se estrear a marcar, chorou de felicidade, mandou toda a gente para casa e mandou o Sporting celebrar os seis pontos que abriu para o rival Benfica, enquanto espera para ver quem é o segundo nesta Liga: se a águia, se o FC Porto. De qualquer modo, ganha fôlego e tempo para perder os arames em que muitos dos seus jogadores ainda parecem estar presos.