4 março 2024, 20:00
O sucesso do Sporting na opinião de Augusto Inácio e Litos
Leões regressaram à liderança do campeonato depois da derrota pesada do Benfica no Dragão
Treinador cumpre esta terça-feira quatro anos no comando dos leões; A BOLA revela pontos fundamentais no crescimento da equipa mais dominadora das últimas épocas; grande parte do sucesso atual assenta na capacidade de reação à perda de bola
Dia especial no Sporting. Rúben Amorim cumpre hoje quatro anos no comando dos leões. Contas feitas, 48 meses, 1461 dias, coroados com mais momentos de alegria do que desilusões. E desde aquela conferência de apresentação, a 5 de março de 2020, marcada pela célebre pela questão, «E se corre bem?», até hoje… tudo mudou em Alvalade. O Sporting ganhou, enfim, a estabilidade perdida nos últimos anos, conquistou títulos e, sobretudo, uma das mais importantes, olhando para o futuro: consolidou uma identidade à imagem do treinador. O modelo, esse, o idealizado 3x4x3, nunca se alterou, mas as peças que o têm composto estiveram em constante mutação.
Chegando a esta época, que surge na sequência de um ano sombrio, justificado por um 4.º lugar que afastou a equipa da Champions, este Sporting de Amorim é, de longe, o mais dominador. E explosivo, como provam, aliás, os impressionantes registos ofensivos. Com um ADN (totalmente) diferente daquele que conduziu o Sporting ao título em 2020/2021, muitas vezes ligado à famosa estrelinha de Amorim. Passou o tempo, mudou a equipa e o… treinador, mais experiente, com estatuto reforçado e um capital de confiança que nunca se perdeu.
Agora, quatro anos depois, interessa olhar para o presente. Que alimenta expectativas desde o arranque. E que chega a esta fase na liderança da Liga (ainda) com 11 finais pela frente.
Uma evidência: este Sporting, versão 2023/2024, encontra-se muito mais automatizado, com maior experiência e com qualidades que vêm sendo trabalhadas ao pormenor no laboratório de Amorim. Uma das que mais se destaca é, claramente, a reação da equipa à perda da bola. Um processo no qual assenta grande parte da estratégia dos leões e que é ensaiada diariamente nos treinos.
De resto, bem exemplificada num dos vídeos incluídos no Inside Sporting, uma rubrica onde são mostrados pormenores dos trabalhos na Academia. Nesse vídeo (que poderá ver na íntegra no site www.abola.pt) são visíveis os inúmeros sprints que toda a equipa é obrigada a fazer sempre que um dos jogadores perde bola. Numa busca incessante, a correr para trás, 60/70/ 80 metros de enorme desgaste físico, para todos se reposicionarem defensivamente. Exercícios que, depois, são facilmente detetáveis em jogo. E que, sabe A BOLA, prende grande parte da atenção do treinador diariamente.
Para reforçar essa qualidade, que deu maior dimensão ao jogo dos leões, muito contribuiu a contratação de dois jogadores que encaixaram de forma perfeita neste upgrade do modelo de Rúben Amorim: Hjulmand e Gyokeres. A dupla nórdica que tem encantado Alvalade, reforçou os índices físicos do plantel e é responsável pela nova ideia de jogo, que, convém lembrar, tem quase os mesmos protagonistas da última temporada, de má memória.
Ambos se tornaram figuras de cartaz e contribuíram, de forma decisiva, para a caminhada da equipa e o crescimento de outros jogadores, como Pedro Gonçalves, Trincão, Edwards ou Paulinho, peças já bem identificadas com as ideias de Amorim. Mas também o equilíbrio de um plantel curto, no qual todos contam nunca fez tanto sentido, além da polivalência (imagem de marca desde o primeiro dia) e das afirmações de jogadores que no arranque da época partiam muito atrás da concorrência, casos de Eduardo Quaresma e Geny Catamo.
O maior problema de Amorim nesta reta final de época? O desgaste provocado por um calendário intenso, que obriga a uma gestão física minuciosa do (curto) plantel. E essa gestão, com jogos de três em três dias, cumprida de forma rigorosa de forma a precaver lesões numa fase decisiva da época, obriga a menos períodos de treino (físico e tático). Compensada pelos automatismos há muito criados.
Este produto, porém, não está acabado. O problema da sucessão de Adán (com Israel em prova de fogo nesta fase), o pouco aproveitamento de jovens da formação (Afonso Moreira, Callai, Essugo, Mateus Fernandes em lista de espera...), ou a permeabilidade defensiva, entre outros, são aspetos a melhorar. E que estão a ser acautelados, mesmo com a indefinição em torno de uma continuidade de Rúben Amorim na próxima época...
4 março 2024, 20:00
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