O MISTER DE A BOLA A arte de Mújica para conseguir domar os dragões
Tiago Fernandes analisa a vitória caseira do Arouca (3-2) diante do FC Porto, a contar para a 21.ª jornada do campeonato
Dragões apáticos
O FC Porto perdeu uma excelente oportunidade para encurtar distâncias para o Benfica. Entrou muito apático na partida, o Arouca surpreendeu, porque entrou forte e determinado. Fez um bom golo, numa excelente combinação ofensiva. Depois, o FC Porto conseguiu repor a igualdade, mas o Arouca foi sempre uma equipa mais consciente, mais motivada e mais acertada do que o FC Porto.
Mújica merece outros voos
Os avançados do FC Porto estiveram bastantes desinspirados ao logo de toda a partida e o Arouca foi sempre muito assertivo, porque soube sempre o que queria no jogo. O treinador do Arouca, Daniel Sousa, preparou muito bem este jogo, em termos da transição ofensiva, tendo demonstrado que tinha sempre tudo muito bem delineado e organizado a sair na transição. O Rafa Mújica, na minha opinião, é um jogador para jogar em equipas da Liga que lutem por objetivos diferentes daquele que o Arouca está predestinado. É um jogador formado no Barcelona, demonstra muita qualidade, e, sempre que a bola lhe chega aos pés, sabe dar uma muito boa sequência aos lances. Além disso, está sempre preparado, bem posicionado e dá qualidade ao processo ofensivo do Arouca.
Arouca anulou pontos fortes
O FC Porto não os soube acompanhar, na primeira parte, porque não conseguia ganhar confiança com os golos, o que levou a desperdiçar as várias oportunidades que dispôs. O golo de penálti voltou a dar uma confiança ao Arouca, que fez acreditar que a estratégia estava a dar resultado e eles cumpriram na perfeição. Nunca deu muitos espaços interiores ao Francisco Conceição para dar os desequilíbrios de que ele gosta, também, não deixou o Galeno ter espaço para os desequilíbrios e dificultar as tarefas do Arouca e tanto Taremi como Evanilson foram dois avançados que se preocuparam muito na busca da falta e não tanto a tentar jogar.
Isto fez com que o FC Porto não conseguisse ter sucesso nesse período, de ter bola e de ter consciência de que o jogo para se ganhar, teria de ser com dois avançados de dessem mais trabalho e qualidade ao processo ofensivo e mais trabalho à linha defensiva do Arouca. Foram dois avançados que foram algo previsíveis e quando tiveram a oportunidade de colocar os dragões no tipo do marcador ou de entrar não conseguiram fazer, e, quando assim é, os jogos pagam-se caro.
Arouca foi justo vencedor
Penso que o Arouca foi um vencedor justo, pois soube meter a mesma identidade e o mesmo padrão no decorrer de todo o encontro. Teve sempre a mesma identidade ao logo dos 90 minutos, mostrou muito critério a sair nas transições, soube anular aquilo que foi a pressão alta do adversário e, por ser muito assertivo, dou os parabéns ao Arouca.