A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Benfica-Toulouse

Bem nas decisões importantes

O Benfica-Toulouse que se jogou no Estádio da Luz foi arbitrado por Donatas Rumšas. A colaborar, à distância, com a equipa de arbitragem esteve o neerlandês Pol Van Boekel, que exerceu a função de VAR. O internacional lituano, de apenas 35 anos de idade, cumpriu o seu quinto jogo internacional da época, depois de já ter dirigido dois jogos da fase de grupos desta edição da Liga dos Campeões.

A espaços, Rumšas mostrou alguma insegurança e nervosismo (compreensíveis para um jovem árbitro em afirmação a nível europeu), mas teve o mérito de acertar sozinho a decisão mais difícil e relevante do jogo: o pontapé de penálti favorável à equipa lisboeta, já perto do apito final, que resultou na expulsão de um defesa francês. O grande senão do seu trabalho foi o muito tempo perdido, em conjunto com o VAR, para tomar uma decisão que, nas imagens, foi muito clara para todos.

Segue a nossa análise aos momentos tecnicamente mais determinantes da partida:

7' Diarra tocou, com o joelho esquerdo, na perna direita de Di Maria, depois deste adiantar a bola. O contacto existiu mas foi ligeiro e não parece ter determinado aquele tipo de queda do argentino. A forma de cair do avançado encarnado pareceu desajustada face à natureza do toque sofrido, o que permitiu retirar a ideia de que houve alguma tentativa de aproveitamento nessa sua ação. Em lance subjetivo e de interpretação, somos da opinião que a decisão da equipa de arbitragem foi acertada.

28' Apesar dos ténues protestos de António Silva, Rumšas analisou de forma correta: o remate potente e na ressaca de João Mário foi desviado, para canto, pelo braço esquerdo de Mikkel Desler porque o dinamarquês estava em rotação, a proteger-se de possível impacto da bola. Nunca houve "braços levantados" de forma desnecessária ou qualquer gesto irregular na direção do esférico. Lance bem analisado na área da equipa forasteira.

37' Spierings chegou atrasado à disputa e, por força de abordagem mais intempestiva, acabou por pisar o pé esquerdo de João Neves de forma negligente. Esteve bem o árbitro lituano ao exibir-lhe o primeiro cartão amarelo do encontro.

43' Desler, depois de "beliscado" por Álvaro Carreras, entrou em tacle e com evidente negligência às pernas de João Mário. Foi bem advertido pela sua reação antidesportiva.

53' Aron Donnum caiu, com alguma aparato, para fora do terreno de jogo (em zona enquadrada com a área encarnada), após disputa de bola legal com Carreras. Apesar do contacto, não houve falta do espanhol sobre o avançado norueguês, que claramente potenciou toque ligeiro para tentar o benefício maior.

58' Cartão amarelo bem exibido a Guillaume Restes, por demorar demasiado tempo a repor bola em jogo, aquando da execução de um pontapé de baliza. Fez bem o árbitro da partida ao não ter contemplações.

66' Passou sem ser notada em campo (e a toda a gente), mas foi indiscutível o pontapé de penálti assinalado a favor do Benfica: Costa, com o braço esquerdo na vertical, desviou a trajetória da bola de forma irregular. O único dado inaceitável de tudo isto? A infração aconteceu exatamente aos 62'45" e a decisão final, pós-VAR, foi tomada aos 66'01" (ou seja, 3'16" depois). Não é o que o futebol espera em infração tão óbvia.

75' Golo do empate do Toulouse obtido após lance legal, onde a defesa encarnada ainda esboçou pedido de "qualquer coisa", mas sem razão.

90+1' Cartão amarelo bem exibido a Skytta, após agarrão antidesportivo a Kokçu. O árbitro não apitou de imediato, o que "permitiu" a reação igual antidesportiva do médio turco, que foi obviamente bem advertido.

90+2' Elebi viu bem o cartão amarelo após entrada de sola, com pé alto e fracamente negligente, sobre Bah.

90+5' Elebi foi infeliz na sua curta participação no jogo da Luz: o defesa francês chegou tarde ao lance e pisou, de forma negligente (e muito evidente) o pé direito de Marcos Leonardo. Pontapé de penálti bem assinalado e segundo cartão amarelo - com consequente vermelho - bem mostrado.