«5-0 é um resultado merecido para o Sporting», reconhece José Mota

Treinador do Farense crítico para a sua equipa e assumiu responsabilidades na estratégia delineada. Pede humildade e responsabilidade aos seus jogadores para darem a volta a este início de campeonato.

José Mota, treinador do Farense, estava agastado com a prestação da sua equipa, na goleada (0-5) sofrida frente ao Sporting, no Estádio Algarve. O treinador reconheceu que o resultado foi justo para os campeões nacionais e pede compromisso e humildade aos seus jogadores, para contornarem este início de campeonato, em que os algarvios averbaram três derrotas, em três jogos. Disse mesmo que o farense hoje foi um «grupo de jogadores» e não uma equipa.

- Que análise faz a esta goleada? É complicado travar o Sporting?

«É muito difícil parar o Sporting, realmente. O Sporting é uma belíssima equipa, nem temos adjetivos para falar do trabalho desenvolvido pelo Sporting ao longo destes anos. Ora joga apoiado, ora joga na profundidade, sabe criar uma série de dinâmicas, jogadores com inteligência e capacidade técnica muito acima da média. É realmente uma equipa com dinâmicas muito interessantes. Mas há um aspeto que também é verdade: se as equipas que vão jogar com o Sporting quiserem jogar como eles, têm muita dificuldade. Porque o Sporting é uma equipa muito agressiva à perda da bola, reage com muita determinação, está incutido o trabalho, os jogadores ganham os duelos, conseguem tirar da zona de pressão. É uma equipa que dá gosto ver jogar»

«Agora, há outra equipa, que é a minha, neste caso o Farense, hoje. Ou uma equipa que não foi aquilo que deveria ser. Porque quando se joga com equipas ‘grandes’, e com a qualidade deste Sporting, se os deixarmos jogar entrelinhas, por fora, por dentro, à vontade, sabem que têm muita dificuldade»

«Os jogadores do Sporting jogaram sempre muito livres, sempre com muito espaço. Nós fomos pouco agressivos em todos os setores do campo e muito permeáveis em zona defensiva. É impossível jogar assim, devíamos ter sido muito mais agressivos»

«O Sporting anda há três ou quatro anos a trabalhar este modelo de jogo, para hoje ter estes resultados. Sei o que é importante, por experiência própria, ter esses anos para trabalhar. Nós hoje deixámos que o Sporting jogasse, e quando se deixa o Sporting jogar, faz estas coisas. Fez hoje, fez a semana passada»

«Quando defrontamos adversários com esta qualidade, temos de ser humildes, reconhecer a superioridade do adversário, saber o que temos de fazer. A estratégia e o plano definido tem de ser cumprido. Assumo completamente a responsabilidade de que não fomos essa equipa. O Sporting jogou como quis, venceu o jogo como lhe apeteceu. E, portanto, eu como treinador assumo a responsabilidade de que a estratégia que planeei para este jogo, se calhar na ideia era interessante, mas na prática, não sucedeu, porque não a soubemos interpretar»

«5-0 é um resultado merecido para o Sporting. Nós devíamos ter sido outra equipa, muito mais organizados, muito mais agressivos, muito mais disciplinados, com mais rigor, porque nós também não somos esta equipa que fomos hoje, somos melhores»

- Como pensa dar a volta a estas três derrotas no início do campeonato?

«Só conheço uma forma: é todos nós termos a capacidade e a humildade e a responsabilidade de saber o que é o Farense. Se tivermos essa capacidade, com certeza que vamos melhorar. São três derrotas que fazem mossa e que não nos deixam feliz. Mas também há derrotas e derrotas, na semana passada perdemos no Rio Ave e não o merecíamos, muito pelo contrário. Hoje foi com o Sporting, podem dizer que foi com o campeão nacional, não fica bem, não. Temos que perceber que temos muita coisa a evoluir e como equipa. Hoje fomos um grupo de jogadores, não fomos uma equipa. Não fomos solidários, não fomos determinados, não fomos ambiciosos, faltou-nos muito para ser uma verdadeira equipa. Sabemos também que entraram muitos jogadores e muitos deles não sabem o que é o futebol português. Se quisermos ser melhores temos que trabalhar muito mais»

- Se o jogo tivesse sido no São Luís, seria diferente?

«Não entro nesse tipo de questões, porque já venci em Alvalade, no Benfica e no FC Porto, em grandes palcos. É tudo uma questão de mentalidade. Estava um ambiente fantástico, era um fator de motivação para o farense e para os jogadores do Sporting. O que nós tínhamos era de fazer muito mais para tentar dar réplica a este poderoso Sporting.»