Roger Schmidt: tudo o que o disse o treinador do Benfica
De Sérgio Conceição a David Neres, a atualidade encarnada na voz do técnico alemão
— Depois de uma derrota em Famalicão, há uma resposta para dar as adeptos do Benfica jogando bem e ganhando?
— Ganhar jogando bom futebol são sempre os nossos objetivos e como treinador acredito que jogando bom futebol podemos estar mais perto de ganhar, mais a mais depois do que fizemos na pré-época. Perder pontos é uma situação difícil no Benfica. Já perdemos três e não podemos perder pontos ao longo da época. Temos de manter a calma, especialmente eu, acreditar em nós, nos jogadores, na nossa abordagem. Tivemos uma semana para nos preparararmos e ganharmos este jogo, é a única resposta que podemos dar aos adeptos. Estamos ansiosos por jogar no nosso estádio, queremos oferecer uma boa exibição aos nossos adeptos.
— Situações como a de David Neres, que está em negociações com o Nápoles, são um problema?
— Não é fácil, mas é normal, há sempre situações destas quando as janelas de transferências estão abertas, podemos sempre perder jogadores e temos de estar preparados para contratar jogadores para manter boa qualidade na equipa. Mas não faz sentido estar a dar informações de cada jogador, o que posso anunciar é uma transferência. Enquanto os jogadores cá estiverem, são meus jogadores. Há negociações, David quer sair, mas é muito profissional e comporta-se bem em treino, mas há negociações concretas e tenho de considerar isso na minha preparação do encontro. É o mesmo para todos os outros jogadores, tenho de ver o compromisso que há em relação à equipa e depois decidir se pode ser jogador para a equipa ou não.
— Adeptos defendem mudanças, que pode o treinador mudar?
— Sou adepto do Benfica, sou treinador mas também sou adepto do Benfica. Queremos ser campeões todos os anos, mas é uma competição dura em Portugal, ano passado lutámos quase até ao fim, no final tivemos de aceitar que Sporting fez época melhor e mereceu ser campeão. Ainda assim, nos últimos anos muitas coisas boas aconteceram, títulos que ganhámos, apenas dois, mas mais do que antes. Desenvolvimento de jogadores, o nosso objetivo também passa sempre por substituir jogadores muito importantes e em dois anos vários jogadores chave saíram. Tentámos sempre ter equipa capaz de estar pronta para lutar pelos objetivos, mas é importante nos momentos difíceis ter paciência e convicção para acreditar na equipa, nos jogadores, nas pessoas que estão a fazer tudo, todos os dias, para manter adeptos felizes. Perdemos [em Famalicão], não foi fácil, não era o que esperávamos, não é que não pudéssemos ganhar, mas não era fácil. Há mais 33 jogos e temos de nos concentrar no próximo.
— Sérgio Conceição mostrou abertura para treinar o Benfica, incomoda-o?
— Não, de todo. Perdemos no domingo, assim que o Benfica perde ou empata há sempre discussão, ruído em torno do clube. Não é o meu trabalho, o meu trabalho é manter-me calmo, preparar a equipa, é o que está na minha cabeça neste momento. Estou no futebol há demasiado tempo para ficar afetado com estas discussões. Aceito, mas não pensem que me afeta de alguma maneira. De todo.
— Compreende a insatisfação dos adeptos do Benfica?
— Claro que compreendo. Se não ganharmos, se não tivermos sucessos, compreendo, naturalmente, a infelicidade dos adeptos. Querem festejar troféus e conquistas connosco, por isso trabalhamos todos os dias para atingir esse objetivo. A esperança é ganhar todos os títulos, mas tambérm temos de ser realistas, não é fácil ganhar títulos em Portugal. Nem mesmo pelo Benfica. Mas a nossa situação não é um desastre, só perdemos o primeiro jogo da época, vejo como os jogadores trabalham e queremos manter os adeptos felizes. Podemos dar o primeiro passo neste jogo e depois outros passos de seguirão.
— Na época passada falou muito dos assobios e da forma como prejudicavam a equipa, tem receio de que voltem a ser ouvidos?
— Já falei tanto desse assunto, não quero voltar a falar disso. A melhor maneira é jogar bom futebol, ganhar o jogo e estarmos unidos.