KLAGENFURT – Podia ter sido jogador do Sturm Graz, o adversário do Sporting nesta terça-feira (20 horas) na 3.ª jornada da Liga dos Campeões. Arnold Schwarzenegger, esse mesmo, a estela de Hollywood, nasceu a 30 de julho de 1947 em Thal, pequena vila com pouco mais de 2 mil habitantes nos subúrbios de Graz e tornar-se-ia o mais famoso filho da cidade que o homenageia com um museu e até batizou o estádio do clube com o seu nome. Mas aqui é que está o caso, é que foi nele, no estádio, que Schwarzenegger perdeu o nome. Filho de um inspetor da polícia local, Gustav Schwarzenegger, e sua mulher Aurelia Jadrny, Arnold começou por jogar futebol antes de se tornar culturista aos 14 anos, depois de uma ida ao ginásio promovida pelo treinador da equipa e que o fez trocar o futebol pelo culturismo. Schwarzenegger serviu nas forças armadas da Áustria em 1965, o mesmo ano em que se tornou Mr. Europa Júnior, com fuga da tropa para participar na competição, o que lhe valeu uma semana de detenção numa prisão do exército. Mudou-se para os Estados Unidos em 1968 e o resto é o que se sabe, de do culturismo ao estrelado no cinema, passando pela política. E foi precisamente como 38.º governador da Califórnia (de 2003 a 2022 pelo Partido Republicano) que protagonizou o caso que o fez perder o nome no estádio de Graz, que o Sturm partilha com o Grazer. Corria o ano de 2005 e no corredor da morte estava Stanley Tookie Williams (Nova, Orleãs, 29 de dezembro de 1953), que cresceu no complicado bairro de South Central em Los Angeles. Aos 17 anos criou o gang Crips e em 1979 foi acusado de matar quatro pessoas a tiro. Em 1981 foi condenado à morte. Em 2005, aos 51 anos – depois de na prisão, garantem os seus defensores, se ter transformado e assumido a culpa por ter criado algo tão violento como os Crips, e ter iniciado um processo de trabalho contra a violência que o fez estar nomeado cinco vezes para o Prémio Nobel da Paz –, ficou com a execução marcada para 13 de dezembro e pedido de clemência, depois de testemunho de última hora que podia inocentar Stanley Williams, foi recusado por Schwarzenegger. A sentença, por injeção letal, foi cumprida pouco depois da meia noite desse dia. Na Áustria, em Graz, o caso deu que falar e petição surgiu para retirar o nome do político e estrela de Hollywood, agora com dupla nacionalidade austríaca e norte-americana, ao estádio. Schwarzenegger, no entanto, antecipou-se e antes que tal acontecesse ele mesmo pediu às autoridades da cidade natal que deixassem de usar o seu nome no recinto para promover a cidade. «Para poupar os políticos responsáveis da cidade de Graz de mais preocupações, retiro-lhes a partir de hoje o direito de usar meu nome em associação com o Estádio Liebenauer», escreveu numa carta enviada ao presidente da câmara local. E assim aconteceu e hoje o Sturm, e o Grazer, jogam no patrocinado Merkur Arena, que sem condições para jogos Champions fica de fora deste jogo com os leões – o Sporting no entanto já lá jogou, na época passada para a Liga Europa, vitória por 2-1. Apesar deste caso, Schwarzenegger continua com o seu museu em Thal, Graz, e os adeptos do Sturm, de quando em vez, recordam-no, ou melhor, recordam as suas personagens em coreografias para impressionar o adversário. Não raras vezes aparece o Exterminador Implacável nas bancada como que a dizer: «I'll be back.»