ENTREVISTA A BOLA recebida pelo embaixador de Portugal na Alemanha (e membro de Sétima Legião)

DIVERSOS10.07.202411:00

Francisco Ribeiro de Menezes admite que a banda possa vir a gravar algo novo, e garante que tem muitas letras guardadas nas gavetas

BERLIM - Poucos dias depois da eliminação de Portugal no Euro 2024, e a menos de uma semana da grande final da competição, A BOLA foi recebida pelo embaixador de Portugal na Alemanha. Francisco Ribeiro de Menezes habitou-se cedo a fazer malas, por força da carreira diplomática do pai, Pedro José Ribeiro de Menezes, que foi embaixador em Dublin, Brasília e no Vaticano. Francisco já desempenhou o mesmo cargo em Estocolmo, Madrid, e agora em Berlim, para além de outras funções assumidas em Portugal, nomeadamente no Ministério dos Negócios Estrangeiros - com Jaime Gama e Luís Amado - ou como chefe de gabinete de Pedro Passos Coelho, quando este foi primeiro-ministro. Neste excerto da entrevista ao nosso jornal, fala da carreira diplomática e também de um dos projetos mais marcantes da história da música portuguesa, Sétima Legião, do qual faz parte.

- O seu pai, Pedro José Ribeiro de Menezes, teve uma vasta carreira diplomática. Seguir o mesmo trajeto estava no sangue, ou nem lhe passava pela cabeça?

- Acho que estava na massa do sangue. Desde muito cedo aprendi que a minha vida seria feita de partidas, chegadas e adaptações. Quando chegou a altura de ir para a universidade, estava em Washington, o meu pai estava lá na embaixada. Quis ir para Portugal. Fiz Direito por falta de imaginação. Há 40 anos a oferta era menos abrangente. Cedo percebi que as profissões jurídicas não me seduziam particularmente, e pouco tempo depois abriu um curso para a carreira diplomática, e entrei para o Ministério dos Negócios Estrangeiros em 1989. Estava na massa do sangue, sim, mas podia ter acontecido ou não. Tenho um irmão mais novo, Filipe, que é historiador e vive na Irlanda há mais de 30 anos. Também não vive em Portugal. Mas acho que a minha escolha foi acertada e não me arrependo, de todo. É um grande orgulho representar Portugal no estrangeiro, e é o que eu sei fazer.

- E a música, como surge? Foi precisamente quando estava em Washington que nasceu o projeto Sétima Legião…

- Sim, começou no principio dos anos 80. Com o meu primo, Pedro Oliveira, o Rodrigo Leão, o Paulo Marinho, Nuno Cruz… Era preciso alguém que escrevesse letras, primeiro em inglês e depois em português. Entretanto, fui para Lisboa no verão de 83, e no ano seguinte gravámos o primeiro LP, «A um Deus desconhecido». Aos poucos, para além das letras, fui começando a tocar um pouco de teclas. E, a brincar, a brincar, a Sétima Legião já festejou 40 anos. Por circunstâncias tristes – o nosso querido amigo, compositor, produtor, músico e grande médico, Ricardo Camacho, faleceu há uns anos – quisemos assinalar estes 40 anos e homenageá-lo. Fizemos uma série de concertos, e ainda temos dois ou três. Foi um reencontro muito bonito. As pessoas gostaram muito e continuam a gostar. Encontramos três gerações no concerto. Já estamos todos na casa dos 50 e muitos. Tem sido uma grande festa. Ao fim de 40 anos continuamos amigos, e isso vê-se quando tocamos.

- E fica o bichinho de um reencontro mais regular?

- Está lá sempre. E, de uma forma ou outra, o coletivo legionário nunca se desligou da música. O Rodrigo Leão tem uma carreira extraordinária, internacional. O Pedro continua a tocar e a compor e tem projetos. O Gabriel Gomes é um músico profissional que toca com grandes nomes da música popular portuguesa. O Paulo Marinho, o nosso gaiteiro, é professor de música e tem muitas colaborações. O Paulo Abelho é um dos melhores produtores e técnicos de sonoplastia do país. Os reencontros são sempre bonitos, temos sempre muito a dizer uns aos outros. A possibilidade de compor ou gravar alguma coisa nova não está afastada. É uma questão de alinhamento dos astros, mais do que alguma renitência de algum de nós.

- E, ao longo dos anos, também foi escrevendo para outros projetos…

- Sim, ajudei o Rodrigo um pouco. Madredeus, ao princípio, a Pilar Homem de Melo, os projetos do Pedro… Isso está sempre na minha vida. Gosto muito dessa faceta.

- Continua a escrever, então?

- Sim. Tenho umas gavetas com muitas coisas (risos). Mas sobretudo voltado para a parte da música e das canções.

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